sábado, 29 de setembro de 2012



            
             Alguns barcos atracavam em Insecta Island. Era ainda de manhã, e a praia da ilha estava tranquila, levando um ar marítimo para seus moradores. A calmaria estendia-se por bastante tempo, por mais que algumas pessoas chegassem à ilha e fizessem barulho, mas em um geral estava tudo pacífico. O sol brilhava no céu, e tornava tudo mais agradável. Chad e Sarah caminhavam pela praia, com os pés branquelos descalços.
                —A praia é tão gostosa! —dizia Sarah, aproveitando o momento, vendo que seu amigo assentia.
                Para quebrar o padrão agradável do momento, um pequeno barco vinha a toda velocidade. Um homem o pilotava, com outro o acompanhando. O segundo estava amarrado por cordas e com um lenço na boca, demonstrando-se vítima de um sequestro. Chad e Sarah assustaram-se, mas o garoto aconselhou a amiga a se afastarem e procurarem algum local adequado para se protegerem, ou então contar para alguém.
                Com sorte acabaram encontrando Jefferson, que caminhava pelo lugar perdido em seus devaneios. Ele cumprimentou os jovens, mas notou que tinham feições enlouquecidas e desesperadas.  Seu sorriso fechou-se no mesmo instante, dando oportunidade para uma voz preocupada:
                —O que houve, crianças? —perguntou ele.
                Chad pronunciou-se:
                —Senhor Jefferson, há um homem sequestrando outro em uma embarcação! —comentou ele. —Os dois acabaram de chegar.
                Jefferson correu, os dois o seguindo. Quando chegaram à praia notaram que o homem não parecia muito preocupado com quem o observava, mas quem assistia à cena corria em desespero, fugindo de tudo e procurando algum policial. Por sorte apenas as pessoas selecionadas sabiam que o membro da elite também tinha aquele papel, como chefe de todos os policiais de Ethron.
                —Darei um jeito, tudo bem? —acalmou Jeff. —Podem voltar para seus afazeres.
                Apesar disso os dois ainda o observavam como se questionassem “como ficarei bem depois disso?”. Porém o senhor parecia calmo como se apenas caminhasse normalmente pela praia. O sequestrador o avistou, e bateu continência.
                —Obrigado mesmo, mas pode deixar que assumo daqui. —disse Jefferson.
                O suposto sequestrador deixou o lugar, retornando a seu barquinho e voltando de onde havia vindo. Jefferson desamarrou o homem, e pediu educadamente para que o acompanhasse. Tremendo, o homem aceitou. Ambos prosseguiram para um lugar abandonado, e após entrarem, Jefferson trancou-se lá junto da vítima, os dois apenas iluminados por uma fraca luminária.
—Certo, certo. —falou ele, calmo. —Você vai me contar o que sabe.
O homem agora podia ser mais bem observado por Jefferson. Era raquítico, como quem comia limitadamente, sendo quase carne e osso. Seus olhos pareciam fugir da luz, como alguém que não via a luz do dia há muito tempo, assim como seu olhar melancólico. Os cabelos e a barba, ambos compridos o assemelhavam a um náufrago. Mas seus gestos ao se libertar do que o prendia eram os mais chamativos: Como alguém que não tinha forças para mover-se.
—Senhor Robert Dark, marido da aclamada Lady Dark, onde jazeste todo este tempo?
O senhor abriu sua boca com dificuldades, tomando fôlego e finalmente iniciando suas falas:
                —Pouco após nos casarmos, Lady Dark me aprisionou em seus calabouços malignos. —disse ele. —Sei apenas nada sobre qualquer coisa.
                —Talvez você possa colaborar. —garantiu.
                O homem gemeu, triste:
                —Por favor, piedade, se eu contar algo ela irá me castigar. —implorou o senhor.
                —Você tem livre arbítrio, ela não pode lhe controlar agora. —disse Jefferson, com toda a sua calma. —Eu e você sabemos que você irá retornar para a facção novamente, então não prefere auxiliar para que o fim da corporação Dark seja agilitado, para acabar com sua prisão?
                —Tudo bem, farei o que puder. —disse Robert após um longo suspiro.
                Jefferson mostrou um singelo sorriso de canto. Interrogava o marido de sua principal inimiga, Lady Dark, a chefe principal da corporação criminosa, Team Dark. O homem por alguma razão havia sido aprisionada por sua esposa, e permaneceu nos calabouços da facção por pouco mais de duas décadas. Era capaz de contar nos dedos os dias que pudera se sentir livre desde sua prisão.
                —Vejamos... Vocês tem filhos? —questionou Jefferson.
                —Não, nossa filha foi morta. —respondeu ele com pesar.
                —Começamos bem no ponto. —concluiu Jefferson. —Morta como?
                —Ela foi morta por um policial. —respondeu novamente.
                Jefferson calculou rapidamente um pensamento:
                —Ora, aí está uma boa razão para Dark querer assumir o lado do mal. Ela já criara a facção antes da morte dela? —perguntou.
                —Não sei, só descobri tudo um bom tempo depois que a facção estava na ativa. —admitiu Robert.
                —Ela sempre escondeu coisas de você? —indagou Jefferson de certa forma deixando sua curiosidade ultrapassar o lado profissional.
                —Quando a conheci não, mas com o tempo acabou ficando assim. —disse, sem prolongar
                —Entendi. —falou o membro da elite. —Quem era a filha de vocês?
                —Vallerie. —respondeu ele, com um tom sonhador, como quem acabara de ter um ótimo sonho. —Vallerie Dark.
                —Foi morta como e por quê? —prosseguiu Jefferson, com um bloquinho de notas.
                —Sei que ela foi baleada, mas não sei por quê. —respondeu, sem pensar.
                —Lady Dark sabe?
                —Eu não sei.
                —Ela já era misteriosa naquela época?
                —Não, ficou assim depois do assassinato.
                Robert era rápido nas respostas, como alguém que tivera a vida toda para ensaiar as respostas para quando fosse interrogado. Talvez estivesse sendo estimulado a mentir desde sua prisão nos aposentos de trabalho de sua esposa, ou então simplesmente sonhasse que um dia seria resgatado para que pudesse compartilhar o que sabia. Jefferson tentava deduzir.
                —Compreendo. —disse ele. —Ainda deve estar meio assustado e atordoado, então conversaremos melhor em breve. Tome cuidado.
                Infiltrados, a polícia havia conseguido retirar o homem de lá, para que este interrogatório fosse feito. Mas todos sabiam que os Darks dariam um jeito de lhe pegar novamente. Esse era o segundo plano de Jeff. Se ele fosse tão importante preso, eles o pegariam de volta rapidamente. Não era a dedução mais inteligente do mundo, mas era preciso tentar de todas as formas encerrar aquele caso.
                Mas por um momento, Jefferson pensou novamente na filha. Vallerie Dark. Ele já havia ouvido falar aquele nome em um assassinato. Também se lembrou de que o pai não prolongou o assunto com a polícia, como quem a matara ou por que, muito menos a mãe. Agora um novo quebra-cabeça havia se formado, mas este poderia ser mais importante do que pensavam para a resolução do primeiro.
...
Momentos tristes, deprimentes e melancólicos de lado, nossos jovens iniciavam sua manhã naquele horário também em Carevite Town, a Cidade do Ciclo da Vida. Ao menos o que dizia no panfleto. Onde os mais jovens e os mais velhos costumavam viver. Era admirável a tranquilidade do lugar, bom para relaxar da vida agitada que tinham nas últimas semanas. Desde Tranmency Town não haviam chego a uma cidade tão calma assim. Sam era quem mais adorava este tipo de cidade.
Um belo lago de água límpida jazia no nordeste da cidade, enquanto que no sudoeste havia um cercadinho apenas para Pokémons bebês, que eram a atração para o público jovem, que sempre alimentava os filhotes. Havia um número limitado de casas, e um Pokémon Center ao norte. Tudo em uma harmonia e tranquilidade invejáveis.

                —O Jeff entregou isso aqui e pediu para vocês mostrarem no Day Care Center. —disse Lilly entregando um papel para os amigos.
                —Será que é ali? —perguntou Sam.
                —Tem meia dúzia de casas na cidade, e essa é a maior. —indagou Lilly. —O que você acha?
                Sam soltou um risinho irônico. Os três aproximaram-se do suposto Day Care Center, ainda um pouco em dúvida. Uma menina jazia sentada em uma das paredes do lugar, próxima à porta. Fazia anotações em um caderno, concentrada, de forma que sua face fosse ocultada. O trio ficou um pouco envergonhado em perguntar, mas Sam não deixou a dúvida passar:
—Com licença, aqui é o Day Care Center? —perguntou ele.
A garota pareceu perguntar-se se era com ela que falavam. Levantou seu rosto, curiosa. Era ruiva, e tinha belos cabelos curtos. Seus olhos eram acinzentados, cobertos por óculos esverdeados. A não ser por sua cabeleira chamativa, ela parecia evitar se destacar, como alguém tímida, quase ocultando o rosto ao notar que falavam com ela.

                —Hm? Ahh sim, é. —respondeu ela.
                Sam a encarou, curioso, mas foi puxado pelos amigos para adentrar o Day Care Center. O lugar trazia um clima de certa forma romântico, mais voltado para um ar provocativo. Uma velha senhora jazia no balcão, organizando uma papelada enquanto em alguns ambientes vários Pokémons pareciam fazer a festa.
                —Com licença, o senhor Jefferson da Elite pediu para lhes entregar isto. —disse Sam entregando o pedaço de papel.
                A senhora o fitou por alguns instantes, colocando um par de óculos que jazia pendurado em seu pescoço.
                —Ahh sim. —concluiu ela. —Um segundo, por favor, crianças.
                A mulher adentrou uma salinha, e após alguns instantes surgiu novamente, carregando um par de ovos, um em cada braço com todo o máximo de cuidado. Parecia diferenciar qual seria de qual treinador, entregando para Sam e Drake respectivamente, revelando um sorriso caloroso.
                —Aqui está. Tome cuidado com eles, por favor, e cuidem para que cresçam Pokémons lindos e saudáveis! —pediu ela.
                Drake ficou boquiaberto em um mau sentido, enquanto que seus amigos o carregavam para fora do estabelecimento. Ele fitou o ovo, o colocando acima de sua cabeça para poder observar melhor. Sim, era um ovo novinho, e ele teria que cuidar até que o Pokémon decidisse sair de lá. Quanto tempo aquilo fosse levar, ninguém sabia.
                —O-ovos? —questionou Drake. —Se eu soubesse que fosse isso eu nem teria pegado!
                —Ahh, ficamos um trio com ovos. —disse Sam contente. —Ficou legal.
                —E se acontece igual o Eevee, quase rachar em pedacinhos? —perguntou o jovem de cabelos azuis. —Pow, eu tenho cara de mamãe?
                —Fora que vai demorar a aumentar o nível destes Pokémons até alcançarem os dos outros. —comentou Lilly.
                —Pensem pelo lado bom... —disse ele notando que os dois o encararam, com olhares malignos. —Ah, esquece.
                Mais uma eternidade para cada ovo rachar. Porém, foram surpreendidos quando a mesma garota ruiva que jazia na frente do Day Care Center aproximava-se. Ela parecia atentar-se ao rosto de Sam, como se o diferisse. Seus olhos cinzentos lhes chamava a atenção, como alguém séria e fria, embora ainda sequer tivessem a conhecido para julgá-la.
                —Com licença, e desculpe a ignorância, mas você não é Samuel Deacon, neto do professor Silver? —perguntou ela.
Sua voz era doce e meiga, com um toque de confiança e astúcia, como alguém que não precisou muito para lembrar-se do rosto de Sam. O jovem tentou dar uma resposta concreta, mas apenas murmúrios saíam de sua boca, como se uma mistura de gaguejo e confusão tomassem sua mente. Ela tentou concentrar-se, mas desta vez nem a astúcia da garota seria capaz de entender o que ele falava.
                —Você está bem? —perguntou ela.
                —Ele fica assim quando fala com garotas bonitas. —resumiu Drake.
                Sam fez movimentos como quem dissesse para que Drake não proferisse aquilo, mas aquilo já havia sido feito. A moça permaneceu confusa o encarando, até que enfim o garoto de cabelos anil soltasse algumas palavras:
                —Sim, eu estou. —respondeu, voltando à pergunta anterior. —Mas por favor, me chame de Sam apenas.
                —Eu sou Layla.
                Os dois apertaram as mãos. Foi como se os olhos interligassem de alguma forma. As duas almas se tocando. Mas o momento fora partido, quando Lilly brutalmente lhe bateu no ombro, como o que seria apenas um toque, mas acabou sendo mais agressivo do que esperava.
                —Sam, está na hora de irmos, não se deve ficar falando com estranhos. —disse a menina de cabelos rosa, grosseiramente.
                —Vamos indo Lilly, depois o Sam nos alcança. —disse Drake, agora revelando uma expressão “troll” —A menos que tenha algum problema...
                Os três a fitaram, de forma que ela rezasse para matar Drake.
                —Nenhum. —respondeu friamente. —Vamos.
                A menina enquanto saía quase partira o rosto de Drake ao meio, que gargalhava aos montes. Sam e Layla os observavam de longe, com curiosidade nos olhares. Quando ambos adentraram a casa dos parentes de Sarah, restou apenas que os dois se entreolhassem. Sam sequer lembrara de questionar quem era ela, pois Layla rapidamente respondeu seus pensamentos.
                —Eu também sou Analyzer. —comentou ela.
                —Sério? —perguntou Sam, alegre. —Que legal, é raro encontrar jovens decididos a seguir esta carreira.
                —Nem fale, parece que todos querem ser Treinadores ou Coordenadores. —riu ela.
                —Tem razão.
                —Quer vir comigo? —perguntou a moça. —Estou vendo alguns projetos antigos, na verdade.
                —Claro, seria um prazer. —sorriu Sam.
                Os dois se dirigiram a um local que parecia uma zona de estudos ao ar livre. Cadernos e livros compunham o cantinho entre as árvores, protegido por uma sombra. Os dois se sentaram lá, e não cessaram as conversas, como se pudessem entender-se perfeitamente. Afinal, Sam passara muito tempo com pessoas mais novas, e não encontrara alguém com uma idade bem próxima à sua, onde pudesse realmente papear algo sobre.
                Lilly jazia observando pela janela, por uma fresta nas cortinas. A sala estava toda arejada, mas a menina preferia esconder-se, embora nem uma vez sequer Sam parara para observar a janela da casa. Sua expressão era confusa, e de certa forma enojava, enquanto observava Layla e Sam. Os dois que podiam até então ser tímidos se entendiam.
                —Aquela menina...
                Drake adentrou a sala no mesmo instante, com uma lata de refrigerante na mão. Tomou cuidado para que seus passos não fossem percebidos por Lilly, e observou o local que a mesma fitava. Após notar onde seu olhar estava parado, controlou-se para não rir, pensando no que fazer de engraçado. Proferiu palavras ao lado da menina, que tomou um susto ao ver que a observavam.
                —Relaxa, Lilly. Eu tenho a Rose, você o Derek, só o Sam sobrou. —disse ele. —Ele tinha que achar alguém que combinasse com ele.
                Lilly socou a janela.
                —Tenho o Derek o caramba!
                —O beijo entre vocês durou vinte e três segundos. —lembrou Drake.
                —Fala sério, o continente inteiro contou o tempo? —questionou ela, nervosa.
                —Não, o Derek postou no Feicibuque dele. —respondeu.
                —O QUÊ? MALDITO! —gritou a garota, em fúria.
                O garoto de cabelos azuis apenas ria de tudo. Lilly parecia furiosa, mas já estava acostumado com o mau humor de sua companheira de viagem. Ele também parou para fitar a dupla. Sam parecia muito feliz, como havia tempo que não o viam. Não uma felicidade com amigos, mas de algo novo e diferente. Drake soltou um sorriso ao ver aquela cena.
                —Mas na boa, acho que ele pode se dar bem finalmente com alguém. —concluiu. —Já era hora, né?
                —Que seja.
                Drake se retirou, indo para algum outro cômodo da casa. Lilly parecia não se conformar com aquilo. A garota olhou sutilmente para trás, na esperança de ver se Drake ainda a observava. A resposta era negativa. Decidiu ir andando até a dupla do momento. Ao se aproximar notou que ambos conversavam normalmente e felizes. Algo lhe subia a cabeça pela primeira vez. Lilly pigarreou:
                —Sam, estou precisando de você para uma coisa.
                —Não pode ser outra hora, Lilly? —perguntou ele. —É muito importante?
                —É, é. —confirmou ela. —Agora vem.
                —Desculpe Layla... —desculpou-se ele.
                —Não se preocupe. —sorriu ela.
                —O que foi? —questionou ele.
                Ops, ela esqueceu de inventar esse detalhe.
                —Hã... Preciso que veja se o ovo está bem. —exclamou ela. Boa saída.
                —Lilly, eu o examinei já hoje de manhã! —protestou ele.
                —Owowow, o que está acontecendo aqui? —perguntou Drake, se aproximando.
                —O Sam fica de papo com aquela estranha lá. Ela está jogando charme para cima de você, ela só quer te ludibriar!
Layla pareceu notar que algo mais sério se formava. Os três amigos discutiam, algo que da última vez que acontecera não havia acabado muito bem. Quase haviam seguido jornadas separadas, uma ponte explodiu e outras desavenças do gênero. A ruiva embora não fosse intrometida, se aproximou do trio.
                —Com licença, mas não trata-se disso. —corrigiu ela, tímida.
                —Você fica na sua. —disse rudemente Lilly. —Acha que com essa cara de monga alguém vai gostar de você?
                Agora até Drake e Sam surpreenderam-se pela baixaria da companheira. Aquilo tinha sido a gota d’água. Lilly passara dos limites, como há muito tempo não fazia. Layla ficou quieta e cabisbaixa, como uma criança engolindo o choro. Drake cerrou os punhos e até Lilly parecia não se dar conta das palavras que saíram de sua boca.
                —Lilly, o que você está fazendo? —questionou Sam, a chacoalhando. —O que aconteceu com você? Isso é ciúmes?
                Ela bufou.
                —Quer saber? Vou sair daqui! —reclamou, saindo com passos fortes.
                Os três suspiraram. Não sabiam o que dizer para Layla, já que em momento algum a moça demonstrou desrespeito ou maldade para com seus recém-conhecidos. Lilly sempre fora explosiva com seus sentimentos, e ciúmes certamente devia ter sido algo novo para a garota. Mas será que realmente ela gostava de Sam?
                —É melhor eu falar com ela. —disse Sam.
                —Não, deixa que eu falo. —disse Drake. —Vocês continuem com... Seja lá o que estiverem fazendo.
                Sam aceitou, embora tivesse corado por um instante. Ele olhou para Layla, mas seus olhos cinzentos estavam baixos e fracos, como uma nuvem de tempestade que se preparava para derramar litros de água. Ele tocou sua mão no ombro dela. Pela primeira vez não sentia mais vergonha ao se aproximar de uma garota bonita. Ele sentia-se bem.
                —Sua amiga é bem observadora... —disse ela enxugando os olhos.
                —Ela costuma ser meio temperamental. —comentou. —Você não deu bola para o que ela falou, não é?
                —Não sei, eu nunca fui de aparecer muito, mas sempre acabo chamando a atenção. —disse ela, como se aquilo fosse a pior coisa do mundo.
                —Eu também sou tímido. —admitiu ele. —E eu não acho que você chamando a atenção seja algo ruim.
                Ela liberou um sorriso pequeno.
                —Você é um garoto muito legal, Sam. —disse.
                Os dois se fitaram por alguns instantes. Parecia que se entendiam. Que eram dois lados da mesma moeda. Dizem que os opostos se atraem, mas depois de alguns meses com Lilly nada havia sido muito diferente. Eram excelentes amigos e ponto. Mas Layla parecia ter um futuro melhor, mas quando se trata de romance, a mente de Sam se embaralha. Aquilo estava muito perfeito. Perfeito até demais.
...
                A tarde passava, e ambos agora liam relatórios um do outro. Apesar de serem quase iguais em personalidade, no papel eram muito diferentes. Aquilo poderia ser ótimo para a rivalidade. Diferente de Sarah, Derek e Lilly, ou então Chad, Drake e Rose, parecia que não havia competitividade entre os dois.
—Puxa, seus relatórios são ótimos! —exclamou Layla.
                —Os seus são melhores! —garantiu Sam. —Quanta inteligência, quanta perspicácia!
                —Mas você coloca realmente hipóteses e sugestões mais ousadas, eu coloco apenas tudo que já sabem. —disse ela.
                —Não se subestime, você vai muito mais longe que eu com tudo isso. —comentou o jovem de cabelos azuis.
                Layla soltou uma risadinha simpática.
                —Você vai participar da Feira Ethron deste ano? —perguntou a ruiva.
                —Feira Ethron? —questionou ele.
                —É como uma feira de ciências, mas pesquisadores, Analyzers, criadores e paleontólogos juntam seus melhores projetos e os expõe nesta feira. O melhor projeto além do prêmio, ganha um bom reconhecimento, logicamente. —explicou ela.
                —Juro que eu não sabia sobre isso… Estou sempre auxiliando a Lilly e o Drake que acabo esquecendo que sou Analyzer. —mencionou ele.
                —Eu te entendo… Mas eu gostaria de ter amigos assim.
                Ele relembrou de pensar em seus amigos, se Lilly estaria mais calma. Mas algo lhe chamou mais a atenção na bolsa de Layla.
                —É uma revista policial? —perguntou ele.
                Ela balançou a cabeça levemente, como se não tivesse certeza. Aquilo era um pouco estranho, e como auxiliador de Looker havia prestado bem a atenção naquilo, mas disfarçou, mudando de assunto:
                —Puxa, ainda quebro a cabeça para saber quais os planos dos Darks. —mencionou. —Soube que eles estão em Heaveir City, mas não entendo o por quê.
                —Se obtivessem controle sobre o local poderiam dominar quem entra e quem sai de Ethron. —sugeriu ela. —Devem estar envolvidos nisso.
                Ele pareceu se iluminar, contente.
                —Mas não sei onde se encaixa o segundo L. —disse ele.
                Antes de qualquer coisa, seu telefone tocou. “L” aparecia na tela, chamando a atenção dele para que se afastasse. O que seria?
                —Ah, me desculpe, preciso atender. —pediu ele.
                —Fique à vontade.
                Sam deu alguns passos largos para atrás do Day Care Center. Abriu o dispositivo, logo em seguida.
                —Alô.
                —Sam?
                —Senhor L?
               —Recebi uma carta do segundo L sugerindo que realmente os Darks pretendem dominar a cidade porque lá teriam controle sobre o tráfego de aviões. —disse ele, sem embolação.
                Sam pareceu assustar-se, deixando o telefone cair. Após o pegar novamente se desculpou, de certa forma com uma voz preocupada.
                —Hã... Acho que resolvi esse mistério. —disse ele.
                —O que está dizendo?
                —Preciso desligar. —disse.
                O homem tentou debater, mas Sam foi mais rápido, desligando. Ele voltou incrédulo para onde sua amiga se encontrava. Ele estava certo. Estava tudo perfeito até demais. Sua mão tremia, de forma que custasse a colocar o telefone novamente no bolso. Ele a fitou, seus olhos agora deprimidos.
                —Layla…Como sabia sobre os Darks? —questionou ele.
                —Palpite… —respondeu Layla, após alguns instantes.
                —Se foi palpite eu não sei. —disse ele, com uma pausa. —Mas você é o segundo L.

1 comentários:

CanasOminous disse...

Diga aí, companheiro Haos! Me desculpe rapaz, mas não consigo pensar em outra coisa se não está linda personagem que você acabou de nos apresentar! kkkkkkkkk Ela é linda cara, muito mais do que imaginei, você sabe como escolher bem uma mulher kkkkkkk Eu gostei muito dela, é o tipo de personagem que faz uma equipe muito legal com o Sam, PORÉM, ainda o prefiro com a Lilly. Sou do tipo dos velhos opostos, os dois são tão inteligentes que quando conversam tudo fica ainda mais inteligente ainda. Gosto dele com a Lilly pelo fato dele ensinar novas coisas para ela, e ela apresentar um outro lado da vida para ele. Ahh se houvesse uma máquina de mudanças de personalidade que pudesse manter a aparência da Layla com o jeitão da Lilly, aí sim eu já teria encontrado a minha mulher perfeita kkkkkkk Mas brincadeiras a parte, adorei a personagem e achei que você começou trabalhando muito bem com ela. Esse final me surpreendeu, a hipótese dela ser o segunda L nem tinha passado em minha mente quando vi a última linha, e adorei a forma como você mesclou tudo. Ahh, e também devo te elogiar pelo grande mapinha feito, o primeiro para inaugurar a temporada! Espero que muitos outros ainda sejam feitos e que cada dia cheguemos mais próximos de um verdadeiro jogo sobre Ethron. Vou ficando por aqui, meus parabéns pelo episódio e ainda espero muito da Layla nos próximos capítulos, garanto que você não irá me decepcionar kkkkk Abração, Haos!

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