Alguns barcos atracavam em Insecta Island. Era ainda de manhã, e a
praia da ilha estava tranquila, levando um ar marítimo para seus moradores. A
calmaria estendia-se por bastante tempo, por mais que algumas pessoas chegassem
à ilha e fizessem barulho, mas em um geral estava tudo pacífico. O sol brilhava
no céu, e tornava tudo mais agradável. Chad e Sarah caminhavam pela praia, com
os pés branquelos descalços.
—A
praia é tão gostosa! —dizia Sarah, aproveitando o momento, vendo que seu amigo
assentia.
Para
quebrar o padrão agradável do momento, um pequeno barco vinha a toda
velocidade. Um homem o pilotava, com outro o acompanhando. O segundo estava
amarrado por cordas e com um lenço na boca, demonstrando-se vítima de um
sequestro. Chad e Sarah assustaram-se, mas o garoto aconselhou a amiga a se afastarem
e procurarem algum local adequado para se protegerem, ou então contar para
alguém.
Com
sorte acabaram encontrando Jefferson, que caminhava pelo lugar perdido em seus
devaneios. Ele cumprimentou os jovens, mas notou que tinham feições
enlouquecidas e desesperadas. Seu
sorriso fechou-se no mesmo instante, dando oportunidade para uma voz
preocupada:
—O
que houve, crianças? —perguntou ele.
Chad
pronunciou-se:
—Senhor
Jefferson, há um homem sequestrando outro em uma embarcação! —comentou ele. —Os
dois acabaram de chegar.
Jefferson
correu, os dois o seguindo. Quando chegaram à praia notaram que o homem não
parecia muito preocupado com quem o observava, mas quem assistia à cena corria
em desespero, fugindo de tudo e procurando algum policial. Por sorte apenas as
pessoas selecionadas sabiam que o membro da elite também tinha aquele papel,
como chefe de todos os policiais de Ethron.
—Darei
um jeito, tudo bem? —acalmou Jeff. —Podem voltar para seus afazeres.
Apesar
disso os dois ainda o observavam como se questionassem “como ficarei bem depois
disso?”. Porém o senhor parecia calmo como se apenas caminhasse normalmente
pela praia. O sequestrador o avistou, e bateu continência.
—Obrigado
mesmo, mas pode deixar que assumo daqui. —disse Jefferson.
O
suposto sequestrador deixou o lugar, retornando a seu barquinho e voltando de
onde havia vindo. Jefferson desamarrou o homem, e pediu educadamente para que o
acompanhasse. Tremendo, o homem aceitou. Ambos prosseguiram para um lugar
abandonado, e após entrarem, Jefferson trancou-se lá junto da vítima, os dois
apenas iluminados por uma fraca luminária.
—Certo, certo.
—falou ele, calmo. —Você vai me contar o que sabe.
O homem agora
podia ser mais bem observado por Jefferson. Era raquítico, como quem comia
limitadamente, sendo quase carne e osso. Seus olhos pareciam fugir da luz, como
alguém que não via a luz do dia há muito tempo, assim como seu olhar
melancólico. Os cabelos e a barba, ambos compridos o assemelhavam a um
náufrago. Mas seus gestos ao se libertar do que o prendia eram os mais
chamativos: Como alguém que não tinha forças para mover-se.
—Senhor Robert
Dark, marido da aclamada Lady Dark, onde jazeste todo este tempo?
O senhor abriu
sua boca com dificuldades, tomando fôlego e finalmente iniciando suas falas:
—Pouco
após nos casarmos, Lady Dark me aprisionou em seus calabouços malignos. —disse
ele. —Sei apenas nada sobre qualquer coisa.
—Talvez
você possa colaborar. —garantiu.
O
homem gemeu, triste:
—Por
favor, piedade, se eu contar algo ela irá me castigar. —implorou o senhor.
—Você
tem livre arbítrio, ela não pode lhe controlar agora. —disse Jefferson, com
toda a sua calma. —Eu e você sabemos que você irá retornar para a facção
novamente, então não prefere auxiliar para que o fim da corporação Dark seja
agilitado, para acabar com sua prisão?
—Tudo
bem, farei o que puder. —disse Robert após um longo suspiro.
Jefferson
mostrou um singelo sorriso de canto. Interrogava o marido de sua principal
inimiga, Lady Dark, a chefe principal da corporação criminosa, Team Dark. O homem por alguma razão
havia sido aprisionada por sua esposa, e permaneceu nos calabouços da facção
por pouco mais de duas décadas. Era capaz de contar nos dedos os dias que
pudera se sentir livre desde sua prisão.
—Vejamos...
Vocês tem filhos? —questionou Jefferson.
—Não,
nossa filha foi morta. —respondeu ele com pesar.
—Começamos
bem no ponto. —concluiu Jefferson. —Morta como?
—Ela
foi morta por um policial. —respondeu novamente.
Jefferson
calculou rapidamente um pensamento:
—Ora,
aí está uma boa razão para Dark querer assumir o lado do mal. Ela já criara a
facção antes da morte dela? —perguntou.
—Não
sei, só descobri tudo um bom tempo depois que a facção estava na ativa.
—admitiu Robert.
—Ela
sempre escondeu coisas de você? —indagou Jefferson de certa forma deixando sua
curiosidade ultrapassar o lado profissional.
—Quando
a conheci não, mas com o tempo acabou ficando assim. —disse, sem prolongar
—Entendi.
—falou o membro da elite. —Quem era a filha de vocês?
—Vallerie.
—respondeu ele, com um tom sonhador, como quem acabara de ter um ótimo sonho. —Vallerie
Dark.
—Foi
morta como e por quê? —prosseguiu Jefferson, com um bloquinho de notas.
—Sei
que ela foi baleada, mas não sei por quê. —respondeu, sem pensar.
—Lady
Dark sabe?
—Eu
não sei.
—Ela
já era misteriosa naquela época?
—Não,
ficou assim depois do assassinato.
Robert
era rápido nas respostas, como alguém que tivera a vida toda para ensaiar as
respostas para quando fosse interrogado. Talvez estivesse sendo estimulado a
mentir desde sua prisão nos aposentos de trabalho de sua esposa, ou então
simplesmente sonhasse que um dia seria resgatado para que pudesse compartilhar
o que sabia. Jefferson tentava deduzir.
—Compreendo.
—disse ele. —Ainda deve estar meio assustado e atordoado, então conversaremos
melhor em breve. Tome cuidado.
Infiltrados,
a polícia havia conseguido retirar o homem de lá, para que este interrogatório
fosse feito. Mas todos sabiam que os Darks dariam um jeito de lhe pegar
novamente. Esse era o segundo plano de Jeff. Se ele fosse tão importante preso,
eles o pegariam de volta rapidamente. Não era a dedução mais inteligente do
mundo, mas era preciso tentar de todas as formas encerrar aquele caso.
Mas
por um momento, Jefferson pensou novamente na filha. Vallerie Dark. Ele já
havia ouvido falar aquele nome em um assassinato. Também se lembrou de que o
pai não prolongou o assunto com a polícia, como quem a matara ou por que, muito
menos a mãe. Agora um novo quebra-cabeça havia se formado, mas este poderia ser
mais importante do que pensavam para a resolução do primeiro.
...
Momentos
tristes, deprimentes e melancólicos de lado, nossos jovens iniciavam sua manhã
naquele horário também em Carevite Town,
a Cidade do Ciclo da Vida. Ao menos o que dizia no panfleto. Onde os mais
jovens e os mais velhos costumavam viver. Era admirável a tranquilidade do
lugar, bom para relaxar da vida agitada que tinham nas últimas semanas. Desde Tranmency Town não haviam chego a uma
cidade tão calma assim. Sam era quem mais adorava este tipo de cidade.
Um belo lago
de água límpida jazia no nordeste da cidade, enquanto que no sudoeste havia um
cercadinho apenas para Pokémons bebês, que eram a atração para o público jovem,
que sempre alimentava os filhotes. Havia um número limitado de casas, e um Pokémon Center ao norte. Tudo em uma
harmonia e tranquilidade invejáveis.
—O
Jeff entregou isso aqui e pediu para vocês mostrarem no Day Care Center. —disse Lilly entregando um papel para os amigos.
—Será
que é ali? —perguntou Sam.
—Tem
meia dúzia de casas na cidade, e essa é a maior. —indagou Lilly. —O que você
acha?
Sam
soltou um risinho irônico. Os três aproximaram-se do suposto Day Care Center, ainda um pouco em
dúvida. Uma menina jazia sentada em uma das paredes do lugar, próxima à porta.
Fazia anotações em um caderno, concentrada, de forma que sua face fosse
ocultada. O trio ficou um pouco envergonhado em perguntar, mas Sam não deixou a
dúvida passar:
—Com licença,
aqui é o Day Care Center? —perguntou ele.
A garota
pareceu perguntar-se se era com ela que falavam. Levantou seu rosto, curiosa.
Era ruiva, e tinha belos cabelos curtos. Seus olhos eram acinzentados, cobertos
por óculos esverdeados. A não ser por sua cabeleira chamativa, ela parecia
evitar se destacar, como alguém tímida, quase ocultando o rosto ao notar que
falavam com ela.
—Hm?
Ahh sim, é. —respondeu ela.
Sam
a encarou, curioso, mas foi puxado pelos amigos para adentrar o Day Care Center. O lugar trazia um clima
de certa forma romântico, mais voltado para um ar provocativo. Uma velha
senhora jazia no balcão, organizando uma papelada enquanto em alguns ambientes
vários Pokémons pareciam fazer a festa.
—Com
licença, o senhor Jefferson da Elite pediu para lhes entregar isto. —disse Sam
entregando o pedaço de papel.
A
senhora o fitou por alguns instantes, colocando um par de óculos que jazia
pendurado em seu pescoço.
—Ahh
sim. —concluiu ela. —Um segundo, por favor, crianças.
A
mulher adentrou uma salinha, e após alguns instantes surgiu novamente,
carregando um par de ovos, um em cada braço com todo o máximo de cuidado.
Parecia diferenciar qual seria de qual treinador, entregando para Sam e Drake
respectivamente, revelando um sorriso caloroso.
—Aqui
está. Tome cuidado com eles, por favor, e cuidem para que cresçam Pokémons
lindos e saudáveis! —pediu ela.
Drake
ficou boquiaberto em um mau sentido, enquanto que seus amigos o carregavam para
fora do estabelecimento. Ele fitou o ovo, o colocando acima de sua cabeça para
poder observar melhor. Sim, era um ovo novinho, e ele teria que cuidar até que
o Pokémon decidisse sair de lá. Quanto tempo aquilo fosse levar, ninguém sabia.
—O-ovos?
—questionou Drake. —Se eu soubesse que fosse isso eu nem teria pegado!
—Ahh,
ficamos um trio com ovos. —disse Sam contente. —Ficou legal.
—E
se acontece igual o Eevee, quase rachar em pedacinhos? —perguntou o jovem de
cabelos azuis. —Pow, eu tenho cara de mamãe?
—Fora
que vai demorar a aumentar o nível destes Pokémons até alcançarem os dos
outros. —comentou Lilly.
—Pensem
pelo lado bom... —disse ele notando que os dois o encararam, com olhares
malignos. —Ah, esquece.
Mais
uma eternidade para cada ovo rachar. Porém, foram surpreendidos quando a mesma
garota ruiva que jazia na frente do Day
Care Center aproximava-se. Ela parecia atentar-se ao rosto de Sam, como se
o diferisse. Seus olhos cinzentos lhes chamava a atenção, como alguém séria e
fria, embora ainda sequer tivessem a conhecido para julgá-la.
—Com
licença, e desculpe a ignorância, mas você não é Samuel Deacon, neto do
professor Silver? —perguntou ela.
Sua voz era
doce e meiga, com um toque de confiança e astúcia, como alguém que não precisou
muito para lembrar-se do rosto de Sam. O jovem tentou dar uma resposta
concreta, mas apenas murmúrios saíam de sua boca, como se uma mistura de
gaguejo e confusão tomassem sua mente. Ela tentou concentrar-se, mas desta vez
nem a astúcia da garota seria capaz de entender o que ele falava.
—Você
está bem? —perguntou ela.
—Ele
fica assim quando fala com garotas bonitas. —resumiu Drake.
Sam
fez movimentos como quem dissesse para que Drake não proferisse aquilo, mas
aquilo já havia sido feito. A moça permaneceu confusa o encarando, até que
enfim o garoto de cabelos anil soltasse algumas palavras:
—Sim,
eu estou. —respondeu, voltando à pergunta anterior. —Mas por favor, me chame de
Sam apenas.
—Eu
sou Layla.
Os
dois apertaram as mãos. Foi como se os olhos interligassem de alguma forma. As
duas almas se tocando. Mas o momento fora partido, quando Lilly brutalmente lhe
bateu no ombro, como o que seria apenas um toque, mas acabou sendo mais
agressivo do que esperava.
—Sam,
está na hora de irmos, não se deve ficar falando com estranhos. —disse a menina
de cabelos rosa, grosseiramente.
—Vamos
indo Lilly, depois o Sam nos alcança. —disse Drake, agora revelando uma
expressão “troll” —A menos que tenha algum problema...
Os
três a fitaram, de forma que ela rezasse para matar Drake.
—Nenhum.
—respondeu friamente. —Vamos.
A
menina enquanto saía quase partira o rosto de Drake ao meio, que gargalhava aos
montes. Sam e Layla os observavam de longe, com curiosidade nos olhares. Quando
ambos adentraram a casa dos parentes de Sarah, restou apenas que os dois se
entreolhassem. Sam sequer lembrara de questionar quem era ela, pois Layla
rapidamente respondeu seus pensamentos.
—Eu
também sou Analyzer. —comentou ela.
—Sério?
—perguntou Sam, alegre. —Que legal, é raro encontrar jovens decididos a seguir
esta carreira.
—Nem
fale, parece que todos querem ser Treinadores ou Coordenadores. —riu ela.
—Tem
razão.
—Quer
vir comigo? —perguntou a moça. —Estou vendo alguns projetos antigos, na
verdade.
—Claro,
seria um prazer. —sorriu Sam.
Os
dois se dirigiram a um local que parecia uma zona de estudos ao ar livre.
Cadernos e livros compunham o cantinho entre as árvores, protegido por uma
sombra. Os dois se sentaram lá, e não cessaram as conversas, como se pudessem
entender-se perfeitamente. Afinal, Sam passara muito tempo com pessoas mais novas,
e não encontrara alguém com uma idade bem próxima à sua, onde pudesse realmente
papear algo sobre.
Lilly
jazia observando pela janela, por uma fresta nas cortinas. A sala estava toda
arejada, mas a menina preferia esconder-se, embora nem uma vez sequer Sam
parara para observar a janela da casa. Sua expressão era confusa, e de certa
forma enojava, enquanto observava Layla e Sam. Os dois que podiam até então ser
tímidos se entendiam.
—Aquela
menina...
Drake
adentrou a sala no mesmo instante, com uma lata de refrigerante na mão. Tomou
cuidado para que seus passos não fossem percebidos por Lilly, e observou o
local que a mesma fitava. Após notar onde seu olhar estava parado, controlou-se
para não rir, pensando no que fazer de engraçado. Proferiu palavras ao lado da
menina, que tomou um susto ao ver que a observavam.
—Relaxa,
Lilly. Eu tenho a Rose, você o Derek, só o Sam sobrou. —disse ele. —Ele tinha
que achar alguém que combinasse com ele.
Lilly
socou a janela.
—Tenho
o Derek o caramba!
—O
beijo entre vocês durou vinte e três segundos. —lembrou Drake.
—Fala
sério, o continente inteiro contou o tempo? —questionou ela, nervosa.
—Não,
o Derek postou no Feicibuque dele. —respondeu.
—O
QUÊ? MALDITO! —gritou a garota, em fúria.
O
garoto de cabelos azuis apenas ria de tudo. Lilly parecia furiosa, mas já
estava acostumado com o mau humor de sua companheira de viagem. Ele também
parou para fitar a dupla. Sam parecia muito feliz, como havia tempo que não o
viam. Não uma felicidade com amigos, mas de algo novo e diferente. Drake soltou
um sorriso ao ver aquela cena.
—Mas
na boa, acho que ele pode se dar bem finalmente com alguém. —concluiu. —Já era
hora, né?
—Que
seja.
Drake
se retirou, indo para algum outro cômodo da casa. Lilly parecia não se
conformar com aquilo. A garota olhou sutilmente para trás, na esperança de ver
se Drake ainda a observava. A resposta era negativa. Decidiu ir andando até a
dupla do momento. Ao se aproximar notou que ambos conversavam normalmente e
felizes. Algo lhe subia a cabeça pela primeira vez. Lilly pigarreou:
—Sam,
estou precisando de você para uma coisa.
—Não
pode ser outra hora, Lilly? —perguntou ele. —É muito importante?
—É,
é. —confirmou ela. —Agora vem.
—Desculpe
Layla... —desculpou-se ele.
—Não
se preocupe. —sorriu ela.
—O
que foi? —questionou ele.
Ops,
ela esqueceu de inventar esse detalhe.
—Hã...
Preciso que veja se o ovo está bem. —exclamou ela. Boa saída.
—Lilly,
eu o examinei já hoje de manhã! —protestou ele.
—Owowow,
o que está acontecendo aqui? —perguntou Drake, se aproximando.
—O
Sam fica de papo com aquela estranha lá. Ela está jogando charme para cima de
você, ela só quer te ludibriar!
Layla pareceu
notar que algo mais sério se formava. Os três amigos discutiam, algo que da
última vez que acontecera não havia acabado muito bem. Quase haviam seguido jornadas
separadas, uma ponte explodiu e outras desavenças do gênero. A ruiva embora não
fosse intrometida, se aproximou do trio.
—Com
licença, mas não trata-se disso. —corrigiu ela, tímida.
—Você
fica na sua. —disse rudemente Lilly. —Acha que com essa cara de monga alguém
vai gostar de você?
Agora
até Drake e Sam surpreenderam-se pela baixaria da companheira. Aquilo tinha
sido a gota d’água. Lilly passara dos limites, como há muito tempo não fazia.
Layla ficou quieta e cabisbaixa, como uma criança engolindo o choro. Drake
cerrou os punhos e até Lilly parecia não se dar conta das palavras que saíram
de sua boca.
—Lilly,
o que você está fazendo? —questionou Sam, a chacoalhando. —O que aconteceu com
você? Isso é ciúmes?
Ela
bufou.
—Quer
saber? Vou sair daqui! —reclamou, saindo com passos fortes.
Os
três suspiraram. Não sabiam o que dizer para Layla, já que em momento algum a
moça demonstrou desrespeito ou maldade para com seus recém-conhecidos. Lilly
sempre fora explosiva com seus sentimentos, e ciúmes certamente devia ter sido
algo novo para a garota. Mas será que realmente ela gostava de Sam?
—É
melhor eu falar com ela. —disse Sam.
—Não,
deixa que eu falo. —disse Drake. —Vocês continuem com... Seja lá o que
estiverem fazendo.
Sam
aceitou, embora tivesse corado por um instante. Ele olhou para Layla, mas seus
olhos cinzentos estavam baixos e fracos, como uma nuvem de tempestade que se
preparava para derramar litros de água. Ele tocou sua mão no ombro dela. Pela
primeira vez não sentia mais vergonha ao se aproximar de uma garota bonita. Ele
sentia-se bem.
—Sua
amiga é bem observadora... —disse ela enxugando os olhos.
—Ela
costuma ser meio temperamental. —comentou. —Você não deu bola para o que ela
falou, não é?
—Não
sei, eu nunca fui de aparecer muito, mas sempre acabo chamando a atenção. —disse
ela, como se aquilo fosse a pior coisa do mundo.
—Eu
também sou tímido. —admitiu ele. —E eu não acho que você chamando a atenção
seja algo ruim.
Ela
liberou um sorriso pequeno.
—Você
é um garoto muito legal, Sam. —disse.
Os
dois se fitaram por alguns instantes. Parecia que se entendiam. Que eram dois
lados da mesma moeda. Dizem que os opostos se atraem, mas depois de alguns
meses com Lilly nada havia sido muito diferente. Eram excelentes amigos e
ponto. Mas Layla parecia ter um futuro melhor, mas quando se trata de romance,
a mente de Sam se embaralha. Aquilo estava muito perfeito. Perfeito até demais.
...
A
tarde passava, e ambos agora liam relatórios um do outro. Apesar de serem quase
iguais em personalidade, no papel eram muito diferentes. Aquilo poderia ser
ótimo para a rivalidade. Diferente de Sarah, Derek e Lilly, ou então Chad,
Drake e Rose, parecia que não havia competitividade entre os dois.
—Puxa, seus
relatórios são ótimos! —exclamou Layla.
—Os
seus são melhores! —garantiu Sam. —Quanta inteligência, quanta perspicácia!
—Mas
você coloca realmente hipóteses e sugestões mais ousadas, eu coloco apenas tudo
que já sabem. —disse ela.
—Não
se subestime, você vai muito mais longe que eu com tudo isso. —comentou o jovem
de cabelos azuis.
Layla
soltou uma risadinha simpática.
—Você
vai participar da Feira Ethron deste ano? —perguntou a ruiva.
—Feira
Ethron? —questionou ele.
—É
como uma feira de ciências, mas pesquisadores, Analyzers, criadores e
paleontólogos juntam seus melhores projetos e os expõe nesta feira. O melhor
projeto além do prêmio, ganha um bom reconhecimento, logicamente. —explicou ela.
—Juro
que eu não sabia sobre isso… Estou sempre auxiliando a Lilly e o Drake que acabo
esquecendo que sou Analyzer. —mencionou ele.
—Eu
te entendo… Mas eu gostaria de ter amigos assim.
Ele
relembrou de pensar em seus amigos, se Lilly estaria mais calma. Mas algo lhe
chamou mais a atenção na bolsa de Layla.
—É
uma revista policial? —perguntou ele.
Ela
balançou a cabeça levemente, como se não tivesse certeza. Aquilo era um pouco
estranho, e como auxiliador de Looker havia prestado bem a atenção naquilo, mas
disfarçou, mudando de assunto:
—Puxa,
ainda quebro a cabeça para saber quais os planos dos Darks. —mencionou. —Soube
que eles estão em Heaveir City, mas não entendo o por quê.
—Se
obtivessem controle sobre o local poderiam dominar quem entra e quem sai de
Ethron. —sugeriu ela. —Devem estar envolvidos nisso.
Ele
pareceu se iluminar, contente.
—Mas
não sei onde se encaixa o segundo L. —disse ele.
Antes
de qualquer coisa, seu telefone tocou. “L” aparecia na tela, chamando a atenção
dele para que se afastasse. O que seria?
—Ah,
me desculpe, preciso atender. —pediu ele.
—Fique
à vontade.
Sam
deu alguns passos largos para atrás do Day
Care Center. Abriu o dispositivo, logo em seguida.
—Alô.
—Sam?
—Senhor
L?
—Recebi
uma carta do segundo L sugerindo que realmente os Darks pretendem dominar a
cidade porque lá teriam controle sobre o tráfego de aviões. —disse ele, sem embolação.
Sam
pareceu assustar-se, deixando o telefone cair. Após o pegar novamente se
desculpou, de certa forma com uma voz preocupada.
—Hã...
Acho que resolvi esse mistério. —disse ele.
—O
que está dizendo?
—Preciso
desligar. —disse.
O
homem tentou debater, mas Sam foi mais rápido, desligando. Ele voltou incrédulo
para onde sua amiga se encontrava. Ele estava certo. Estava tudo perfeito até
demais. Sua mão tremia, de forma que custasse a colocar o telefone novamente no
bolso. Ele a fitou, seus olhos agora deprimidos.
—Layla…Como
sabia sobre os Darks? —questionou ele.
—Palpite…
—respondeu Layla, após alguns instantes.
1 comentários:
Diga aí, companheiro Haos! Me desculpe rapaz, mas não consigo pensar em outra coisa se não está linda personagem que você acabou de nos apresentar! kkkkkkkkk Ela é linda cara, muito mais do que imaginei, você sabe como escolher bem uma mulher kkkkkkk Eu gostei muito dela, é o tipo de personagem que faz uma equipe muito legal com o Sam, PORÉM, ainda o prefiro com a Lilly. Sou do tipo dos velhos opostos, os dois são tão inteligentes que quando conversam tudo fica ainda mais inteligente ainda. Gosto dele com a Lilly pelo fato dele ensinar novas coisas para ela, e ela apresentar um outro lado da vida para ele. Ahh se houvesse uma máquina de mudanças de personalidade que pudesse manter a aparência da Layla com o jeitão da Lilly, aí sim eu já teria encontrado a minha mulher perfeita kkkkkkk Mas brincadeiras a parte, adorei a personagem e achei que você começou trabalhando muito bem com ela. Esse final me surpreendeu, a hipótese dela ser o segunda L nem tinha passado em minha mente quando vi a última linha, e adorei a forma como você mesclou tudo. Ahh, e também devo te elogiar pelo grande mapinha feito, o primeiro para inaugurar a temporada! Espero que muitos outros ainda sejam feitos e que cada dia cheguemos mais próximos de um verdadeiro jogo sobre Ethron. Vou ficando por aqui, meus parabéns pelo episódio e ainda espero muito da Layla nos próximos capítulos, garanto que você não irá me decepcionar kkkkk Abração, Haos!
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