sábado, 2 de março de 2013




Todos estavam no Pokémon Center. Layla e Sam pareciam preparar alguns equipamentos em mochilas pequenas, causando curiosidade em seus companheiros. A Gym Leader da cidade retornaria no dia seguinte, e Lilly parecia mais que pronta para enfrentá-la. Ainda que tivesse um pouco de receio do resultado. Porém, havia melhorado muito nos últimos tempos, e confiava que junto de seus Pokémons, poderiam fazer uma batalha acirrada.
Layla arrumava cada item minuciosamente na mochila, como se encontrasse uma posição perfeita para cada um. Suspirou após fechá-la, e virou-se para Sam. O rapaz a aguardava, e coçou a cabeça, tentando espantar o sono.
                —A hora da folga terminou. —disse Layla. —Já estou há quase duas semanas sem investigar nada do Team Dark.
                —Também não fiz mais nada de especial com relação a isso. —disse Sam. —Vamos agir hoje. Imagino que encontraremos algo especial.
                —Como terão certeza que o Team Dark está aqui na cidade? —questionou Rachel.
                —Talvez os comandantes não estejam. —admitiu a outra ruiva. —Mas coloque a mente para pensar: Que tipo de facção seria se não tivessem uma base próxima do maior aeroporto do continente?
                Fazia sentido. O que Layla dizia sempre fazia sentido.
                —E o senhor Looker disse que eles tinham tomado controle do aeroporto da cidade algumas semanas atrás. —lembrou o jovem. —Precisamos descobrir algumas coisas sobre eles.
                —Do tipo…
                —Confidenciais.
                Lilly sabia que Layla e Sam não teriam nenhum caso, mas de certa forma imaginava o que poderia acontecer com os dois sozinhos. Mas que importância teria? Ela não gostava dele. É claro que não. Imagine só. Mas… Quem sabe?
                Drake desceu as escadas naquela hora, fazendo os amigos se voltarem a ele, o que o assustou ligeiramente. Quem não deve não teme, e isso seria a explicação mais óbvia para que ele temesse. Mas ninguém podia saber de nada.
                —Você demorou ontem, safadão. —disse a menina com uma voz maliciosa.
                —Digamos que houveram alguns… Imprevistos. —respondeu ele sem se importar muito.
                —Do jeito que a Rachel falou, ela parece ser o demônio, e...
                —Oiee, amigos do Drake!
                No mesmo instante Natsumi apareceu. Usava novamente uma blusa com decote, como quem queria mostrar seus atributos para todos. Seu caminhar era delicado, como o nado de um cisne, e a expressão suave, alegre. Tocou o ombro de Drake, dando-lhe um suave beijo na bochecha, levantando a perna direita, como as garotas de filme faziam.
                —Que simpática. —murmurou Lilly, surpresa.
                Drake corou com o ato da companheira loira, apontando para os amigos e para Natsumi:
                —Natsumi, Lilly, Rachel, Layla e Sam. —apresentou-os ele.
                Ela se aproximou dos quatro com um aceno amigável e um belo sorriso no rosto. Primeiro dirigiu-se à Rachel. A ruiva a encarou com um pouco de frieza. Sabia que qualquer um descendente de Aphrudinem não seria muito confiável.
                —Oi Rachel, já nos vimos então acho que já nos conhecemos um pouco, não? disse.
                —Creio que não. —respondeu a ruiva.
                —Você é a menina que só vive na história e não curte a vida, né? —perguntou a loura. —Eu me mataria.
                Rachel incomodou-se com o comentário, fuzilando Drake com o olhar. Ele fez um sinal como quem não se responsabilizava pelos atos de Natsumi, mas mesmo assim, esta não ficou contente.  Agora a loura seguia para perto de Sam, o que o fez tremer um pouco.
                —Sam, olá. —ela passou a mão pela gola de sua camisa, desabotoando-a com simplicidade. —Drake me disse que você não tinha jeito com garotas. Acho isso fofo, sabia?
                —A-ah, e-ele d-disse? —gaguejou o Analyzer.
                O garoto de óculos também encarou Drake, desagradado. Natsumi continuou.
                —Layla, certo? —ela sorriu uma outra vez. —Drake não me falou de você.
                —Ah. —outro fuzilamento com o olhar.
                Agora a loura parou na frente de Lilly. Fitou-a de cima a baixo, como se procurasse qualquer ponto fraco. A outra estava com os braços cruzados, apenas aguardando que sua vez chegasse. Quando os olhos azuis da menina fitaram os róseos da outra, notou um olhar assustador. O olhar da menina mais mandona de Ethron. Esta rezingou:
                —Escolha bem as palavras, magrela.
                Natsumi riu alto, de forma encantadora. Contudo, ninguém se encantou. Drake ficou sem graça com o acontecimento, pois sequer ele sabia o que pensar daquela garota. Apenas sabia que era linda. O hipnotizava. O que poderia fazer? Ela voltou-se para ele.
                —Vamos dar uma volta? —perguntou, tocando o rosto do garoto levemente.
                —Sim.
                —Como assim “uma volta”, garanhão? —indagou Lilly.
                —Me deixa. —disse ele de forma rude.
                A dupla deixou o centro. Natsumi guardava dentro de si um sorriso malicioso. O sorriso do pior tipo de vilã que existia: aquela que colocava as pessoas uma contra as outras. Os amigos aguardaram que as portas vitrificadas do PC se fechassem para debater sobre o caso desagradável. Não sabiam como chegar em Drake e dizer que odiavam aquela garota.
                —Só espero que ele não fique com essa loira oxigenada. —balbuciou Lilly.
                —Todos esperamos isso. —ponderou Sam. —Por ora, vamos indo, pois o dever chama.
...
                Agora eram Layla e Sam quem saiam do hospital, avançando para a praça da cidade, ambos com laptops. O jovem de cabelos azuis esfregou o dedo no monitor, limpando as mínimas sujeiras que apareciam na claridade. Observou os prédios altos da cidade, imaginando onde o Team Dark poderia estar escondido.
—Consegue rastreá-los? —perguntou discretamente.
                —Acredito que sim. —respondeu a ruiva.
                Layla teclou coisas tão rápido que era até difícil acreditar que cada símbolo aparecia no local correto. Parecia estar criando um código, e quando Sam se deu conta, a tela inteira ficou branca, assumindo um visual diferente do clássico. Ela demonstrou um sorriso rasteiro para o companheiro, em sucesso:
                —Consegui.
                —Como iremos entrar? Aliás, entraremos? —questionou ele como se soubesse a resposta.
                —Não devo ter problemas em encontrar uma brecha se eu conseguir adquirir o mapa da construção. —respondeu, sem tirar os olhos do monitor.
                —É cheio de guardas, Layla, não seria seguro. —ele respondeu, como se pela primeira vez, a garota mais inteligente que conhecia tivesse feito uma burrada.
                —Acha que eu não sei disso? —ela pareceu ofendida. —Aqui, com a ajuda do Thomaz, construímos isso.
                Ela abriu a mão e revelou um pequeno objeto. Era do tamanho de um Joltik, e tinha um formato de aranha igual. Em sua parte frontal, guardava uma câmera. Era um clássico objeto de espionagem.

                —Um robô câmera? É brilhante! —exclamou.
                —Só espero que funcione. —continuou, teclando outros códigos. —Preciso obter um mapa da base para conseguir programá-lo.
                Na tela, surgiu uma imagem. O mapa da aparente base do Team Dark. Apesar de disfarçada, Layla havia conseguido rastrear o sistema e deduzir qual era o prédio. Agora, conseguira um mapa do local. Era brilhante, mais eficiente que a polícia local.
                Notaram a presença de uma entrada de ar na lateral do estabelecimento. Depositaram o robô, que caminhou pelos pequenos corredores de metal, entradas e saídas de ar. As patas robóticas ecoavam pelo ferro frio, até encontrar um ponto de claridade. A câmera focou no que via logo abaixo de si.


                Um homem adulto jazia na varanda, perdido em seus devaneios. Os cabelos azuis escondiam seu rosto quase que por completo, só se podia ver dois olhos amendoados de tons castanhos. O silêncio predominava, até que ouviu um som vindo da porta, que o fez virar bruscamente. Uma mulher de cabelos rosa estava lá.
                —Aquela moça… Já a vimos, é uma das comandantes! Ele também!—observou Sam.
                —Lie? O que faz aqui? —questionou o moço, com uma voz tranquila.
                —Oi, Grim. Posso ficar em sua companhia? —perguntou, incomodada.
                —Não vejo problemas. —disse, fazendo um movimento para que se aproximasse.
                Sam estranhou o comportamento. Quando vira os vilões, eram pessoas impiedosas e cruéis, e desta vez estavam muito diferentes, como se as almas tivessem se acalmado. Estavam mais simples, mais bondosos. Mais humanos.
—O que a atormenta? —perguntou, sentando-se em um dos sofás da sala, fazendo sinal para que o acompanhasse.
                —Problemas demais. —ela respondeu, encostando-se no móvel. —Tem momentos que eu não queria ter entrado nessa facção.
                —Eu a entendo. —respondeu, fitando a paisagem afora. —Mas por que entraste se não concorda com os objetivos nossos?
                —Eu não sei. —concluiu. —Você acha errado o que fazemos?
—De forma alguma. —afirmou. —O continente é caótico, com problemas, ladrões (ó quem fala)... Acho que é justo que alguém com consciência queira impor as regras para que tudo melhore.
Ela concordou, indo para a sacada, assim como ele estava. Colocou a mão acima dos olhos, bloqueando a claridade. Ele a acompanhou, ficando ao seu lado. Ambos se debruçaram sobre uma elevação, observando o maravilhoso dia que fazia. Imaginando tudo que não podiam aproveitar.
—Apesar do Team Dark procurar chegar ao seu objetivo por meios mais apelativos, seu ideal é bom. —ele garantiu. —Quer algo melhor que governarmos o continente a procura de uma sociedade mais igual?
Lie suspirou.
—Você é uma das poucas coisas que me prende a essa facção, Grim. Quando não tenho ninguém que pode me entender...
Ele tocou os lábios dela, insinuando que deveria calar-se. Contudo, esboçou uma feição desagradável, como quem se lembrara de um pesadelo.
—Mas sabe que não podem saber de nosso caso, não é?
—Eu sei. —respondeu incomodada. —São tantas mentiras, não sei se posso guardar para mim.
—Não são mentiras. São apenas… Apenas omissões.
—Você não sabe nem da metade. —balbuciou. —Eu só queria ser livre para fazer o que quero, dizer o que quero. Sentir o que quero.
—Mas somos uma facção considerada criminosa. —interrompeu-a Grim. —Deveste continuar a ser…
—Cruel? É difícil encenar, fingir impiedade perante várias situações. Todos que passamos por cima, tratamos como lixo...
Ela derramou uma pequena lágrima, como se visse no céu azul tudo o que fizera de mal. Tudo o que fizera, todas as pessoas que não poderiam degustar do banquete que era a vida. Era filha da dona da facção. Ninguém sabia disso, nem mesmo Grim. Enquanto ninguém sabia de seu romance com o outro comandante, nem mesmo sua mãe. Era uma vida de mentiras, que nunca poderia revelar.
Pelo menos não naquele momento.
—Estou aqui. Tudo ficará bem.
Ele a abraçou por alguns instantes. Teriam de voltar ao trabalho, manipular pessoas, demonstrar crueldade e impiedade. Deveriam ser vilões com um coração obscuro, para apagar a luz de Ethron. Os Darks apenas queriam ter controle do continente. Mas será que Lady Dark se contentaria apenas com isso?
—Espere, não estou entendendo. Esta moça é desumana, sempre foi. Assim como este homem. Por que a mudança repentina? —questionou Sam, inquieto.
—Nem todos escolhem se tornar vilões. —respondeu a ruiva. —Às vezes isso acontece por necessidade, por algum mal entendido. Mas o pior é aqueles que devem se adaptar a vida dos crimes. Aqueles que são puros, e devem se converter para a escuridão, ter uma vida suja.
Sam refletiu por um momento, voltando ao assunto:
—Mas ainda sim, isso que fazem, é crueldade. —insistiu.
—Tudo depende do ponto de vista, creio. —ela respondeu. —Eu sou uma garota hackeando uma facção criminosa e invadindo seu sistema. Quem sou eu para dizer o que é o bem e o que é o mal?
...
                Drake e Natsumi caminhavam pelas ruas de Heaveir. Por motivos óbvios, todos pareciam estar com pressa, correndo para o aeroporto local, que também era o ginásio em seu ponto mais alto. Lá era onde Lilly deveria ir se quisesse ganhar a próxima insígnia. Ambos estavam em silêncio, apesar da garota fazer comentários indiretos jogados ao vento.
                —E então, meu querido? O que me conta de bom? —indagou.
                —Nós não temos nada, Natsumi. —cortou-a ele. —Foi apenas…
                —Quer dizer que não gostou? —disse, decepcionada.
                —E-eu não disse isso.
                Ela voltou a sorrir. Jogou o cabelo para trás em um movimento, e puxou um pouco o decote da blusa. Drake fingiu não reparar, mas aqueles olhos azuis brilhantes da moça não deixavam passar nada. Voltaram a andar, ela animada.
                —E então, o que pretende para hoje?
                —Mais sorvete? —perguntou, incomodado.
                —Claro que não. —respondeu fazendo um movimento com a mão. —Estou pensando em algo mais… Romântico.
                —Já disse que não temos nada.
                Ela empurrou-o contra uma parede. Não tinha força, mas o movimento surpreendeu o rapaz. Ela passou delicadamente a mão esquerda pelo peito do jovem, enquanto que a esquerda fazia círculos na bochecha. Os seios tocavam-no, e cada vez mais ela chegava perto, tentadoramente. Ele engoliu em seco, como se receasse qualquer ação, mas não tivesse forças para negar nada.
                —Suas palavras são inúteis, sabia? De que adianta dizer algo se não acredita naquilo? —ela questionou, aproximando seus lábios, até que foram interrompidos por uma voz alta.
                —VAGABUNDA! LARGA O GAROTO DEVAGAR!
                Lilly e Rachel estavam do outro lado, os observando. A de cabelos róseos mantinha o indicador apontado para o rosto da loura, que pareceu irritada com a interrupção. Todavia, tentou esboçar serenidade e simpatia, por mais difícil que fosse.
                —Lilly, era para sermos mais discretas. —disse Rachel em um tom de reprovação.
                —Discrição não é meu forte, colega. —comentou sem tirar os olhos da vítima.
                —Parou, parou, parou. —disse Drake fazendo gestos com as mãos. —O que fazem aqui e…
                —Calado, cabeça de vento. —gritou Rachel. —Falamos contigo depois.
                As amigas bateram as mãos uma contra a outra, em vitória. Natsumi ficou surpresa. Nunca ninguém tinha a peitado daquela forma. Sequer suas palavras conseguiam fazer aquela menina mudar de ideia. De quem diabos ela era descendente? Sim, Lilly não era sutil, mas em horas como aquela, isso não era um defeito.
                —Escute aqui, sua víbora. O Drake é nosso amigo, sabia? —indagou Lilly. —Um idiota, mas é nosso amigo. E também tem alguém bem mais especial que você.
                —Como assim mais especial? —questionou Natsumi, incomodada.
                Lilly esboçou um pequeno sorriso. Seu plano estava dando certo. Ela rodeou a loira, sorrindo cinicamente. Drake não entendia nada do que ocorria, visto que sequer podia se defender sozinho. Mal sabia que realmente deixar a garota cuidar do assunto seria a melhor coisa.
                —Vai dizer que não ouviu falar sobre Rose Shine? —perguntou, fazendo caras e bocas. —Que coordenadora mais inútil. Não conhece uma de suas maiores rivais.
                —Sim, já tive o prazer de conhecer a Rosezinha queridinha. —respondeu a loura, tentando evitar cerrar os punhos, sem sucesso.
                —Que bom. —disse. —Saiba que os dois tem um caso.
                —LILLY! —gritou o rapaz.
                —Que foi? Falar a verdade faz bem pro corpo e pra mente.
                Rachel riu. Natsumi arregalou os olhos. Drake pareceu despertar de qualquer transe, visto que o nome da garota que mais admirava fora citado. Ele se recordou dela. Comparou as duas, e preferiu a garota de cabelos rosa claros a aquela linda loura falsa de olhos azuis.  Natsumi cruzou os braços, interessada.
                —Conte-me mais sobre esses dois. —disse. —Já namoraram?
                —Bem, é uma coisa difícil de responder, sabe? —respondeu Lilly sem graça. Agora se falasse não seria mais verdade.
                —Então não há por que me preocupar, certo? —ela piscou um dos olhos azuis, como se admitisse sua própria vitória.
                —Você…
                Drake socou a parede, chamando a atenção das garotas. Tentou fingir que a mão não doía, mas tinha que concordar que fazer aquilo fora uma bela idiotice. Ignorou a aflição e começou a falar, determinado, o gorro caindo no chão um instante depois:
                —Ei. Quem decide o que eu quero sou eu.
                —Drake, não. —disseram as amigas, em uníssono.
                —Exatamente, lindo! —sorriu a loura, abraçando-o toda saltitante, fitando as garotas com um olhar cínico. —Que bom que se tocou.
                Ele empurrou Natsumi cuidando para não jogá-la no chão. Apenas a afastou, e sorriu:
                —Por isso que eu digo: Vá embora, Natsumi. Não te quero perto de mim.
                Natsumi gritou o mais alto que pôde de agonia. Como seu charme pudera ser vencido? Como um garoto daqueles negara a menina mais linda de Ethron? Ainda não era capaz de compreender, vendo aquilo. Lilly caiu na gargalhada com aquilo. Tinha que concordar que Drake fizera uma coisa inteligente naquela tarde. A única, mas foi esperta.
                —Eu odeio você, Lilly! —praguejou.
                —E daí? Eu não sou mato pra agradar Miltank. —respondeu ela.
                Os olhos de Natsumi pegaram fogo. Rachel virou-se:
                —Qual a comparação? Ela alimenta outras pessoas com leite?
                —Digamos que nesse século Miltanks são um adjetivo um tanto quanto diferente disso. —respondeu.
                A loura voltou a gritar:
                —Vão se ferrar! Todos vocês! Drake Eavans, guarde minhas palavras: Você vai voltar para mim, não importa o que isso custe!
                E saiu, praguejando, só então reparando que foi para o lado errado. E saiu pelo outro lado, tentando manter a pose.
                —Por que ela contou o plano dela? —indagou Lilly.
                —Descendentes de Aphrudinem não são os mais espertos. —comentou Rachel.
                Quando estava se afastando, ninguém percebeu, mas um sorriso se formou no rosto de Natsumi. Fechou suavemente os olhos azuis, até soltando uma risada rasteira. Não se deu o trabalho de olhar para trás, pois não queria estragar tudo. Sussurrou para si mesma:
                —É o que quero que vocês pensem, queridos. Tudo funcionou perfeitamente. Rose, minha querida, sua Era vai acabar.
...
                —Obrigado, garotas. Sem a ajuda de vocês, eu não teria conseguido falar a verdade. —sorriu, contente.
                —Não esqueça que nós sabemos que você estava com a boca na botija. —comentou Rachel.
                —Literalmente. —riu Lilly.
                —É bom não pisar na bola novamente. —alertou-o a ruiva. —Homens são tão infiéis.
                Ele se aproximou da companheira de viagem. Havia um tempo que os dois não conversavam numa boa. Olhou para ela, risonho. Agora estava mais alta que ela, motivo pelo qual discutiriam mais tarde. Duas pessoas que nasceram para brigar, é claro. Se seguissem a mesma carreira, seriam os maiores rivais da história de Ethron.
                —Valeu, Lilly.
                —Não se anima não, bestão. —resmungou ela. —Limpei sua barra, mas me deve uma.
                —Pode deixar. —ele deu um sorriso malicioso.
                Em um gesto ele a agarrou, abraçando-a forte e rindo. Ela ficou tentando se debater, mas ele conseguiu imobilizá-la. Rachel fez o possível para não rir, mas não conseguiu evitar. A rainha dos mandões, ineficaz. A boina de Lilly caiu, mas ela não conseguiu sair daquele abraço apertado:
                —Me solta, idiota. —praguejou.
                —Não se preocupe, eu tenho um caso com a Rose e você com o Sam. —disse encostando o rosto lateramente. —É abraço de amiguinhos!
                —SAM É O ESCAMBAU! ME SOLTA, DEABO! —gritou, mas desta vez Drake deixou-a sair. Ambos tiveram que rir também. Rachel já havia deixado os dois malucos para trás, voltando ao Pokémon Center.
                Naquele instante, um carro parou próximo deles. Um sujeito muito bem vestido saiu dele. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, e os olhos escondidos atrás de óculos escuros. Vestia um terno de grife, como aqueles agentes secretos de filmes de ação. Porém, não parecia ter boas intenções.

                —Lilly Hanley? —perguntou.
                —Sim. —ela respondeu, duvidosa.
                —Ela está aqui. —disse ele falando por um pequeno telefone escondido na gola de sua roupa. —Venha conosco, devagar.
                Mais três homens saltaram do carro, vestidos da mesma forma que o primeiro. Aproximaram-se da menina, que pareceu assustada. Drake não sabia quem eram, mas queria auxiliar a defender sua amiga, mas a mesma disse, antes que pudesse fazer qualquer coisa:
                —Corre, Drake.
                Sem opções, os dois começaram a correr pela cidade. Havia escolhido o pior lugar para caminhar com Natsumi, pois era totalmente deserto. Não acreditava que ela devia ter feito sua cabeça para irem lá. Os quatro homens o seguiam, por mais que corressem o máximo que podiam. Drake virou-se para ela:
                —O que está acontecendo?
                —Me devia uma, certo? —questionou. —Atrase esses caras, por favor. Um dia você entenderá.
                Ele a fitou. Sentiu medo por um instante, assim como sentiu ao ver os olhos de sua mãe no barco indo para Snowpoint. Lilly tinha o mesmo desespero no olhar, como se estivesse realmente receosa, preocupada. Era como se uma das maiores muralhas que conhecera estivesse prestes a desmoronar. Não sabia se sua amiga tinha feito algo errado demais, mas de qualquer forma, a ajudaria. Afinal, eram amigos.
                —Certo. —concordou.
                A garota continuou correndo, mas ele parou. Pegou as cinco Pokéballs que carregava consigo. Atirou-as, e Spark, Nova, Chipnut, Merrick, e Bintell apareceram, prontos para ajudar seu mestre. Os homens uniformizados se aproximavam, mas ele confiava na capacidade de seus Pokémons, proferindo:
                —Atrasem-os.
                Spark foi o primeiro. Parecia um garoto como Drake, só que planava. Mirou por alguns instantes, até criar uma esfera elétrica à sua frente. Tratava-se de um Electro Ball, um golpe que havia aprendido recentemente. Disparou-a, e transformou-se em uma explosão de faíscas, atirando um dos senhores para o lado oposto.
                Em seguida, Lepidler e Eevee saíram. Em sua mente, viu uma moça protegendo uma pequena criança. Ela abriu as mãos, criando um tornado prateado. Merrick lançou uma quantidade de areia, que juntos, criaram uma tempestade de areia eficaz, que derrubou um outro dos moços que os perseguiam.
                Chipnut também se assemelhava a um jovem. Contudo, mais infantil, visto que sua arma secreta foi avançar contra um dos adversários e mordê-lo com seus dentes avantajados, um Super Fang. O golpe atrasou sem dificuldades outro deles.
                Bintell era como uma criança, uma pequena garota. Tropeçava em seu vestidinho, quase caindo. Fez movimentos com as mãos um tanto quanto confusos, e notou o inimigo sucumbindo aos movimentos feitos. Quando notou, o outro homem dormira com o Hypnosis. Não restava mais nenhum.
                Drake ficou contentíssimo com o resultado, e chamou seus Pokémons para se afastarem. Os quatro senhores estavam inconscientes, mas logo tentariam encontrá-los novamente. Lilly estava escondida em um beco, e puxou o amigo para lá. Ela sorriu, mas os olhos ainda pareciam frágeis.
                —Muitíssimo obrigada, vocês são os melhores.
                —Lilly? Está tudo bem. —perguntou, vendo que ela caia, como se estivesse prestes a desmaiar.
                —Você os despistou? —questionou, com a voz fraca.
                —Sim. Mas por que tudo isso? —indagou.
                —É uma longa história. —sorriu, fechando os olhos suavemente. —Mas fica para outro dia.
                E desmaiou. 

1 comentários:

CanasOminous disse...

Diga ae, Haos! Há tempos eu estava tentando comentar em Ethron, e acho que agora chegou a oportunidade. Rapaz, como senti falta desses personagens, até hoje posso dizer que adoro a maneira como você convive com eles, e fazem eles ficarem assim, tão próximos. Uma das maiores dificuldades que tenho é tratar de cenas que envolvem vários personagens. Você lida com isso de tal forma que chega a parecer fácil! kkk E olha que essa é uma missão que você assumiu hein, encaixou uma figura diferente e que se destaque de sua própria maneira. Cada qual com sua personalidade... Gosto muito disso.

A Natsumi é uma megera cara, malditas filhas de Afrodite! kk Eu curto a maneira como você retrata ela, consegue ser o tipo infernal e que ainda irá trazer problemas até demais. Quem sabe mais do que os próprios antagonistas! kkk E por sinal, a cena entre os membros do Team Dark colocou em dúvida os ideais deles... Não vou muito com a cara dessa facção, mas eles não parecem ser malvados em seu todo, deve ter essa coisa de "família" no meio. E até mesmo amor. O tenso é que em facções como essa, esse tipo de coisa sempre acaba detonando tudo, por isso é melhor você nem demonstrar seus sentimentos... Mas eu gosto deles, gosto da filha da Lady Dark... Acho que ela ainda trará uns bons assuntos no futuro, e será uma peça ainda mais importante.

Por fim, cara, adorei a cena final onde o Drake lança todos os seus Pokémons para defenderem a Lilly! Ela é foda, e a cena como você fez entrou de acordo naquele esquema de Gijinkas, no poder dos treinadores de começarem a ver seus Pokémons como algo muito mais próximo do que apenas bichinhos. Espero ver mais disso, e mais episódios do Yellow Rescue Team, né! Ou melhor, quem sabe uns Gijinkas? Ainda sou apaixonado por aquela Nova cara, mal posso esperar para começar a ver essa sua melhora tanto em Ethron quanto na nova Kalos! Seu trabalho será inspirador man, tenho certeza disso kk Abração!

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