domingo, 28 de julho de 2013



                —Seu filho, Andrew, está em Ethron! —exclamou Ross.
                Todos estavam em silêncio. A mesa de reuniões estava completa, os quatro membros da elite e, por fim, seu campeão, na ponta. A sala estava clara, mas era como se uma aura obscura rondasse os presentes. Chryssa arrumava formas de se entreter, xeretando as canetas. Hughe permanecia sem demonstrar nenhuma emoção, como um verdadeiro fantasma. Jefferson fitava o campeão, assim como Ross, que estava de pé.
                —Hm… Entendo. Obrigado pelo aviso. —disse, folheando alguns documentos. —Tudo bem, próximo assunto em pauta.
                O lutador deu um soco na mesa, que a fez tremer por inteiro, quase indo ao chão.
                —Como assim, “obrigado pelo aviso”? Seu filho voltou, ele está de volta! Não é um simples assunto. —interrompeu Ross, incrédulo.
                O campeão esfregou as mãos nos olhos e ajeitou-se na cadeira, um pouco incomodado. Até que se pronunciasse todos continuaram em silêncio. Ross aos poucos perdia a paciência, mas em respeito ao companheiro aguardou a resposta. Nolland voltou a fitar a papelada e uniu as mãos, depositando seu queixo encima.
                —A situação é um pouco mais complexa, Ross. —respondeu, sem encará-lo diretamente.
                —Noll, interrompemos a reunião para dar-lhe esta notícia… Achamos que ficaria, no mínimo, contente. —desta vez era Jefferson quem interrompia, ajeitando seu terno.
                Chryssa, sentada ao lado de Hughe, virou-se para o mesmo com discrição e cochichou:
                —Quem é o filho dele?
                —Andrew Eavans, creio que um dos mais poderosos treinadores que já pisaram em nosso continente. —respondeu o elite fantasma, sem precisar olhá-la.
                A moça fez um som de desgosto e examinou seus fios prateados, como cascatas de mercúrio, mexendo nos cabelos enquanto os outros continuavam debatendo. Voltou-se para o homem novamente, respondendo:
                —Se é tão forte, por que não nos enfrentou? —indagou.
                —Ele enfrentou a elite antes que vocês dois assumissem o cargo. —disse Nolland, também sem encará-los, como se estivesse escutando as conversas paralelas desde o princípio. —Ele derrotou a todos, menos a mim.
                Jefferson assentiu, tocando sua gravata.
                —Posteriormente, viajou para Sinnoh, e então Kanto como treinamento. —completou. —Não é isso?
                —Ele venceu ambos os campeões, e agora retornou para Ethron —finalzou Ross.
                Chryssa era conhecida por não ter nenhuma sutileza, e ter uma sinceridade muito chamativa. Isso de certa forma incomodava os demais, mas podia-se dizer que ela era a responsável por apontar os erros no grupo. A moça pigarreou, pronta para fazer outro comentário sincero, de forma que seus companheiros apenas se preparassem psicológicamente.
                —Assim, não que eu queira ofender, e tal. —um dos preâmbulos mais perigosos da elite metálica. —Mas o que tem de mais que ele veio? Talvez tenha vindo ver a família, dar um passeio… Ele não precisa ter vindo aqui pra abalar.
                —Ele disse que da próxima vez que eu o visse, seria durante uma batalha. Entre mim e ele. Sou a única pessoa que ele ainda não derrotou, e ele virá para me enfrentar pelo título de campeão. —rebateu Nolland, com peso nas palavras.
—Mas o que tem de mais? Já o derrotou uma vez, vai derrotar uma outra. —completou a mulher.
Nolland bateu na mesa, silenciando a todos uma última vez. Esfregou novamente as mãos no rosto, desagradado. O assunto era delicado, por algum motivo, e não estava afim de prolongá-lo. Fez um sinal para seus colegas, pedindo:
                —É uma situação complexa, cavalheiros. Não estou no clima para terminarmos esta reunião. Deixem que resolvo os assuntos pendentes. Podem se retirar. —falou, apontando para a porta.
                Todos se levantaram. Chryssa e Hughe fizeram um aceno e saíram, com a moça aos cochichos a respeito do último assunto. Ross e Jefferson se entreolharam, e olharam para Nolland, que jazia observando a janela. A vista daquela sala era linda. 
                —Sabe que nós não vamos a lugar nenhum, não é? —riu o elite lutador.
                Nolland fez um aceno com a cabeça, sem tirar os olhos da cidade afora. As pessoas caminhavam tranquilamente, e era difícil para que ele pensasse que enquanto muitos tinham seu dia alegre, ele tinha notícias que o desagradavam. O que mais o incomodava era que não queria ver o próprio filho. Isso não era normal.
                —Chryssa e Hughe... Não sei dizer ao certo o que penso deles, certas vezes. —balbuciou o campeão.
                —São exímios treinadores, Noll. —respondeu Jefferson, ciente de que não era  o que o campeão aguardava como resposta. —Conquistaram seu posto por puro mérito.
                —Disso eu não tenho dúvidas. Eu nunca disse que não eram. —respondeu, virando-se para os amigos com um olhar caído. —Mas é preciso mais que ser um bom treinador para governar um continente.
                —Está falando de Chryssa ou de Hughe, ou de Andrew? —indagou Ross, recebendo um olhar reprovador de Jefferson.
                —Eu não posso deixá-lo me derrotar, companheiros. Se ele me derrotar…
                —Por que não pode? Tem medo que alguém tome seu sonho? —questionou Jefferson.
—A nova geração assumirá o comando. —compreendeu Ross. —Mas fala sério, já está na hora de nós nos aposentarmos, não? Há tempos que estamos no cargo, já vimos muitas pessoas batalharem. Não acha que essa é a oportunidade de colocar um ponto final?
Seu olhar, em resposta, dizia que não. Sua mente dizia que não. Seu coração dizia que não. As palavras de Jefferson invadiram seus pensamentos. Ele tinha medo que seu próprio filho roubasse seu sonho?
                —Vocês viram estes dois… —disse, referindo-se a Chryssa e Hughe. —Se no lugar deles ainda estivessem…
                —Neuge e Hemlock? —questionou Jefferson. —Nolland, essa época já passou. Acabou. Não podemos mais olhar para o passado, devemos olhar para o futuro. Acabou. —enfatizou muito a última palavra.
                As memórias daquele trio eram longas, e pareciam ser marcadas por momentos alegres e tristes, como era aquele caso. Jefferson segurou o companheiro enquanto dizia aquela frase, em um tom alto, abaixando ao se dar conta de que o amigo voltava para si.
                 —Pois bem. Nós somos a elite agora, e nosso cargo é defender este título. Somos as Cinco Estrelas, lembrem-se disso. —disse o campeão, mantendo a pose.
                —É um título idiota criado pelos nossos admiradores. —rebateu Ross.
                Nolland pegou seus pertences em silêncio, mergulhado em seus devaneios. Os próximos meses seriam marcados por muitas expectativas, e na liga no fim do ano, quando estivessem abertos para desafios, deveriam se preparar, pois os melhores treinadores estariam presentes. Ele parou, antes de deixar a sala, sem olhar para os parceiros.
                —E senhores, façam-me um favor. Quando Andrew vos enfrentar... Lutem com todas as suas forças.
                E saiu.



...

Rachel encarou uma última vez a cidade dos aeroportos, um tanto quanto desagradada. Já havia ficado um bom tempo sem seus afazeres tão “importantes”, e era hora de encontrar os demais escolhidos. Naquela mesma manhã, durante o café da manhã, Layla fora reclamada como descendente de Athenum, a senhora da sabedoria. Sua função naquele grupo já havia se encerrado, visto que estavam cientes de seus ancestrais. Com exceção de uma pessoa.
                —Mas e a Lilly? —indagou.
                —Ela foi reclamada, sim, mas não sei por quem. Não deve ser ninguém importante. —respondeu Sam.
                A ruiva suspirou.
                —Tudo bem, depois eu me preocupo com isso. A senhorita Amelia irá me levar para alguma cidade seguinte em alguns instantes. Agradeço pelos ótimos momentos, e não se esqueçam de mim, pois acreditem, eu vou voltar muito em breve para que entremos em uma grande guerra.
                Aquelas palavras eram suficientes para causar um grande frio na espinha dos jovens. Era como se soubessem o que iria acontecer em um futuro próximo, mas ao mesmo tempo não soubessem. Tinham ainda milhões de perguntas a respeito da aclamada guerra, mas não as fariam, ao menos por aquela hora. Quando enfim chegasse o momento, saberiam o que fazer.
                Os protagonistas olharam para o lado, e se surpreenderam quando viram um pequeno avião vindo em sua direção. A máquina parou, quase derrubando o grupo inteiro no chão, de forma que Amelia pulasse dele, animada, e como se nada de perigoso tivesse acontecido.
                —Adoro as aterrisagens mais épicas! —bradou. —Rachel, vamos indo, querida? Não posso ficar muito tempo fora.
                Ela fez um cumprimento para os treinadores, típico de pilotos, e abriu espaço para a entrada de Rachel. A ruiva fitou os companheiros e sorriu. Estava diferente desde o primeiro encontro, em Insecta Island. Agora era uma moça muito mais agradável e ciente da atualidade.
                Antes que Rachel sentasse no banco, Amelia deu partida e levantou voo, de forma que a ruiva caísse e ficasse com as pernas para cima, uma cena não muito comum de se ver. Aos poucos o pequeno avião foi desaparecendo em meio às grandes nuvens e o céu azul, criando uma nova despedida.
                Agora restavam apenas Drake, Sam, Lilly e Layla, sendo que a última também logo estaria deixando o grupo. Eles se entreolharam, notando que não havia mais o que fazer ali. Suas mochilas já estavam organizadas para partir, e estavam prontos para deixar os momentos e lembranças permanecerem nas ruas de Heaveir City.
                Era hora de deixar a cidade das chegadas e partidas. Era hora de partir.
                —Próxima parada, Stylshon City. —disse Drake, sorrindo, recebendo um sinal positivo.
                Durante a caminhada vários assuntos vinham à tona, em sua maioria risadas de lembrança dos momentos vividos. Era como se todos aparecessem simultaneamente. Lilly, Drake e Sam tinham os ovos Pokémon em mãos. Antes teriam depositado em seus Box, mas decidiram por carregar os pequenos e presenciar seu esperado nascimento.
                A rota era longa, de forma que fosse necessário fazer pausas e descansar um pouco. Sam trazia alguns suprimentos alimentícios que comprara em uma loja antes de sair, e ofereceu aos companheiros, que mataram a fome com aquilo.
                —Sam... Podemos falar um instante? —pediu Layla.
                Lilly encarou a ruiva de forma indiscreta, mas logo disfarçou, quando notou que todos passaram a encará-la. Sam assentiu, e os dois deixaram o grupo por um momento, aproximando-se da sombra de uma árvore alta em meio à rota. A moça corou, procurando palavras exatas para se expressar, mas acabou trocando o assunto.
                —Eu... Gostaria de saber como ficaremos com relação às investigações. —disse, timidamente.
                Sam estranhou o mistério para um assunto tão simples, mas respondeu-a.
                —Não vejo problemas em mantermos contato, afinal, há muitos problemas a serem resolvidos ainda. —respondeu. —Mas, pelo que observamos, o Team Dark ficará tranquilo por uns tempos.
                —Temo ter descoberto algo… Algo que se enquadra na resposta de um grande enigma. —falou Layla, receosa.
                —Mas isto é bom! —exclamou o rapaz.
                —Não, a resposta não é nem um pouco agradável. Na realidade, eu tenho medo dela. Ainda não posso contar a você, é algo muito secreto, entende? —disse Layla.
                Sam assentiu, embora tivesse ficado um tanto quanto assustado com a fala da menina.
                —E por favor, proteja seu grupo. Eles precisam muito de você. —ela sorriu. —Enquanto isso, estude, pois a feira do fim do ano te aguarda.
                Uma feira apenas para Analyzers —pensou Sam. Em breve ela chegaria, e eles iriam competir como rivais. E quando isso iria acontecer? Também no fim do ano. Com certeza seria uma época tenebrosa.
...
                —COMO ASSIM A LÍDER NÃO ESTÁ?!  —berrou Lilly.
                A frase da menina ecoou por todo o salão, de forma que a atendente fizesse sinal para que ela baixasse o tom. Todos encaravam o grupo, o que os incomodou,com excessão de Lilly, que estava furiosa demaispara se importar com isso.
                —Desculpe, senhorita, mas a líder ficará fora por tempo indeterminado. Ela é muito ocupada, raramente aceita desafios. —explicou uma das atendentes. —Talvez você gostaria de…
                —Gostaria é o caramba! Eu exijo um substituto já! —dizia a garota.
                —A líder não gosta de substitutos, então preferiu manter seu ginásio fechado até que o desfile acabe. —respondeu, um pouco tímida.
                —Desfile?! DESFILE?! Ela deixou o ginásio para ver um monte de barangas magrelas puro-osso andando em linha reta com roupas escalafobéticas?! —resmungava a menina, incrédula.
                Lilly saiu do balcão e começou a praguejar em voz alta, andando em círculos. Quem passava a olhava de forma torta, mas ela não ligava. Estava irritada demais para ligar. Drake tentou acalmá-la, enquanto que Sam e Layla desculparam-se com a atendente.
                —Queira nos desculpar, ela se descontrola facilmente. —explicou Sam.
                —Se aceitam uma sugestão, sigam para Shoreside Town, pois o ginásio muito provavelmente estará aberto. Com este tempo agradável, muitos estão seguindo para lá. —sugeriu a atendente.
                —Obrigado pela dica.
                O grupo deixou o ginásio, arrastando Lilly consigo. Só então se deram conta que já estavam em Stylshon City, um dos lugares mais belos e chamativos de Ethron. Era como se até mesmo a barulheira das pessoas andando fosse chique. Cada pequeno metro quadrado era atrativo.
As ruas eram lotadas, mas a cidade em si era belíssima. Lojas em todos os cantos, pessoas ricas e bem vestidas transitando pelas calçadas. Era uma metrópole tão grande quanto Aurora Cty, e um dos símbolos de Ethron, a razão pela qual muitos vinham ao continente.
                —Bem, acho que aqui nós nos separamos. —disse Layla. —Disse que ficaria com vocês até que chegássemos aqui, não é?
                —Se quiser, pode ficar com a gente mais um pouco.
                —Tá com cera no ouvido, Drake? Ela disse que ia ficar até aqui. —interrompeu Lilly, de forma que Layla disfarçasse para fingir que não havia ouvido.
                —Creio que temos objetivos separados. Agradeço pela companhia, e espero que possamos nos encontrar... Em breve…
                Ela corou, e fez um cumprimento, correndo para longe. Certamente não tinha muita habilidade com despedidas. Aos poucos a garota de cabelos ruivos desaparecia em meio à multidão, não deixando oportunidade para que os amigos sequer se despedissem de alguém que se mostrou tão especial. Restava apenas os três amigos que haviam originado aquele grupo. Era até mesmo estranho não estarem mais na companhia de mais ninguém.
                Drake passou a reparar nas vitrines ao seu redor, cutucando os amigos.
                —Eu não ia falar nada, mas já que estamos nessa cidade linda e maravilhosa,  está na hora das... COMPRAS!!!
                —Drake do céu, diga que você não foi incorporado por uma loira burra de comédia romântica. —indagou Lilly, rindo.
                O rapaz ignorou o comentário.
                —Cara, essa cidade é a que aparece exatamente nesses filmes, a capital das compras, do amor, do glamour. —dizia. —Uma pena que não vamos ficar, eu adoraria andar por essas ruas Eu nasci aqui, sabia? Mas meu pai ficou tão cansado do movimento que nos mudamos para uma cidade mais calma. Eu era pequeno quando isso aconteceu. —comentou com simplicidade.
                Era uma informação nova. Certamente muitas surpresas os aguardariam quando retornassem para aquela metrópole, com o novo desafio de Lilly. Mas aquele momento era perfeito para que descansassem um pouco e experimentassem as lojas tão aclamadas da cidade, afinal, estavam apenas entre os bons e velhos amigos, e não tinham pressa nenhuma.
                —Vocês sabem que eu não sou dessas meninas futeis e idiotas, mas aceito a sugestão das compras, sim? —concordou Lilly.
                Sam não teve oportunidade de opinar, pois foi arrastado para dentro de um dos salões da cidade. Ou, como poderiam dizer, um dos muitos salões da cidade. Drake garantiu que seu pai não se incomodaria em pagar o momento de beleza, afinal, novas emoções pediam novas imagens.
                Desde o cruzeiro Island Star (que nem fazia tanto tempo assim), os jovens não tinham aquele tratamento privilegiado. Era bom poder usufruir das mordomias que Drake era capaz de conseguir, ainda que nenhum deles fossem completamente dependentes daquilo.
                Drake e Sam apenas cortavam os cabelos com especialistas no assunto. O resultado ainda seria um mistério para os dois, mas tinham garantia de que gostariam. O rapaz de óculos ficava um pouco incomodado com o trato na aparência, pois não era tão ligado no assunto e odiava trajes muito chamativos.
                Lilly tinha cinco mulheres dando-lhe a atenção, cada qual tratando algo em si. A menina tinha seus cabelos cobertos por bobes, as unhas das mãos e pés sendo tratadas, e seu rosto com um creme de cor esverdeado, com direito a rodelas de pepinos nos olhos.
                —Manicure, pedicure, cabeleireira, e uma gosma verde na cara. —ponderou a menina. —Quem não adora isso?
                —É preciso ficar feio para depois ficar bonito. —concordou Drake.
                —Nesse caso, você tem se preparado para ficar bonito desde que eu te conheço. —brincou Lilly, recebendo um olhar reprovador do amigo, mas logo os dois caíram na risada juntos.
                O resultado havia sido notável. Lilly tinha seus cabelos rosados mais brilhantes, e agora estavam ondulados em certas partes, além dos tratamentos terem realçado sua beleza. Sam tinha o cabelo curto e pouco espalhado, com modernidade, embora ainda ficasse um pouco envergonhado pela diferença. Drake não mudara muito, tinha um topete nos cabelos azuis.
                Em seguida, com controvérsias de Sam, era hora de procurar roupas. Estavam lá mais pela diversão que pelo objetivo em si, afinal, nenhum dos três eram ligados em moda. Vasculharam várias lojas, seguindo conselhos dos vendedores, que acabavam por piorar ainda mais a situação. Drake saía do provador, quando foi interceptado por Lilly
                —Drake, essa camiseta verde ficou linda em você!
                —Sério mesmo?
                —Há há, não, você ficou parecendo um pimentão!
                Ora era Sam quem fazia suas confusões, apenas olhando as roupas e procurando algo que não lhe assombrasse. Acabou se deparando com um traje vermelho repleto de babados e detalhes chamativos, de forma que olhasse para a roupa com repulsa:
                —Essas roupas são muito ousadas. De verdade, não me vejo usando isso.
                —Sam, é um vestido.
                —Jura? Mesmo assim, eu não usaria!
                Procurando vingança, Drake apenas procurava a amiga, notando a garota de cabelos rosados se observando com um vestido lilás. O jovem foi atrás dela com a intenção de assustá-la, apertando acima de sua cintura. Qual não foi sua surpresa quando o grito não era o mesmo de Lilly.
                —Lilly, põe as banhas pra dentro da roupa, he he.
                —Eu não sou essa Lilly. —disse uma mulher, virando-se, assustada.
                —Vish. Foi mal, moça. Não se preocupa, tu tá magrinha, magrinha. —o estrago já estava feito.
                Do outro lado da loja estava a verdadeira Lilly. A menina estava dentro de um provador, enquanto que Sam a aguardava, sentado em uma cadeira em frente ao cubículo, aguardando-a se vestir. Ouviu a voz da amiga, ao mesmo tempo que sua mão saiu da cortina amarronzada do vestiário.
                —Sam, faz um favorzinho? —pediu.
                —Faço.
                —Pra começo de conversa, não olha.
                —Por que não?
                —Eu estou sem roupa. —respondeu.
                Sam virou-se para o outro lado, corado, completamente envergonhando, mas a voz de Lilly não parecia tão incomodada quanto o rapaz. Ela colocou a cabeça para fora do provador, observando que estavam a sós na área. Prosseguiu:
                —Agora, pega aquela bolsinha dentro da minha mochila, por favor. —pediu.
                —Onde? —questionou Sam, chacoalhando os braços de olhos fechados. —Eu tô perto?
                —Pode olhar, bestão, eu estou do outro lado. —sorriu a garota.
                Ele fez que não com a cabeça.
                —É melhor não. —disse. —Eu estou perto?
                Infelizmente, não estava sequer perto da bolsa de Lilly, de forma que a menina saísse do provador para pegar a mochila ela mesma, bufando.
                —Tenha a santa paciência.
                —Não, sério. —pediu Sam, sem se dar conta de que ela já não estava dentro do provador, virando-se para a mesma direção que ela. —Diz se estou quente ou se estou frio. Ah, esquece, achei.
                Sam apalpou algo, imaginando ser a bolsa de Lilly, mas acabou pegando onde não deveria, de forma que abrisse os olhos, assustado, e se assustasse mais ainda. Fora seguido por uma sequência de socos provindos da menina, que agora tinha o rosto completamente vermelho.
                —WAAAAAAAAAH! TARADO! TIRA A MÃO DE MIM!
                —FOI MAL, FOI MAL, EU PENSEI QUE ERA SUA MOCHILA!
                No mesmo instante, Drake seguiu para a mesma área que os amigos.
                —Nossa gente, que escândalo é esse?
                —NÃO OLHA! —gritou Lilly, tacando sua bolsa e acertando a cabeça do companheiro, que caiu com o impacto.
                —Sabia que a timidez do Sam era só fachada, sabia.
...
                Após momentos tensos, ou até mesmo engraçados, os jovens finalmente haviam conseguido buscar as roupas que desejavam. Apesar de chamativas ou modernas demais, perceberam que isso não mudaria quem eram por dentro, afinal, tinham uma essência forte demais para que fosse definida por roupas.
                —Falando em filmes, me sinto naquele momento super fashion que nós chegamos e toca uma musiquinha épica. —disse Lilly, caminhando para a frente de um espelho.

                —Tem certeza que eu não estou esquisito? Eu me sinto esquisito. —disse Sam, apalpando a roupa.
                —Não bote a culpa na roupa, rapaz. —brincou Drake.
                Os três pararam na frente de um dos espelhos, se surpreendendo com a conclusão daquela tarde maluca. Ficaram sem palavras por alguns instantes, de forma que Lilly tivesse que quebrar o silêncio, fazendo poses e se elogiando:
                —Gente, estamos lindos. Modéstia à parte, claro.
                —Vai ver é o espelho. —comentou Sam.
                —Não, esse ainda não quebrou. —respondeu Drake. —Acho que estamos lindos mesmo.
                —Pra que ser modesto quando se é lindo?
                —Um banho de loja faz até a gente ficar bom. Meu senhor, não era merchandising.   
                Os três gargalharam mais uma vez com os elogios toscos. Qualquer um que passasse iria achar que eram totalmente metidos em se auto-elogiarem, mas o trio sabia que era apenas brincadeira. Aos risos e conversas saíram da loja, decidindo rumar para a próxima cidade antes que escurecesse.
                —Qual é a próxima parada? —indagou Lilly.
                —Shoreside Town. —respondeu Sam. —Eu prepararia as roupas de banho.
                —Vamos arrumar algumas quando chegarmos lá. —garantiu Drake. —Agora vamos indo!
                O trio caminhou após se observarem mais um pouco com os novos trajes. A próxima rota era tranquila, o ar começava a abafar, e o som das ondas era auditível, embora bem reduzido. Lilly parou a caminhada após se dar conta de algo, chamando a atenção dos amigos.
                —Que estranho.
                —O quê?
                —Nós três sozinhos de novo. —disse. —Faz um certo tempo que isso não acontece.
                —É verdade. —reparou Sam, fazendo uma longa pausa. —Sinceramente, eu fico feliz que tenhamos voltado a ficar só nós três.
                —Ai, meninos, o que seria de vocês sem mim? —indagou a menina, abraçando-os.
                —E sem a sua modéstia, então?

               

3 comentários:

CanasOminous disse...

Vou ter que dizer que gosto de acompanhar as fanfics da galera quando eles postam certinho todas as semanas, mas quando há uma longa pausa, parece que esse universo parou também. Você pode dizer o quanto quiser que o cruzeiro aconteceu não faz nem uma semana, mas eu sinto como se tivesse feito anos cara. Isso não é algo ruim, é uma sensação gostosa, você é dos meus tempos como ficwriter de blogs Haos, começamos essa praticamente juntos. Dois anos meu caro, dois anos de luta enfrentando os imprevistos, as provas, a falta de inspiração, e sempre achando tempo para vir aqui e voltar.

Às vezes eu demoro para aparecer em Ethron, e admito que toda aquela conversa de lendários mitológicos e guerra me confundiram um pouco... Mas ainda sou apaixonado por sua escrita. Pelas palavras escolhidas, a descrição leve, esse crescimento gradual que pude acompanhar de perto a melhora. Você melhorou muito meu caro, e especialmente nesse episódio notei isso claramente na escrita. Conversas que foram fluindo, as descrições começaram a aparecer num nível mais interessante que não canse e nem fale o irrelevante, e sem contar sua própria organização ao lidar com o blog. Sinto que essa é uma nova era para Ethron, e este capítulo marcou esse recomeço.

De certa maneira, parar não é ruim. Acho que a gente aprende a valorizar cara, e eu estava precisando disso. Senti falta disso tudo, pra falar a verdade. Não sei que mandinga você fez com esse roxo do template, mas eu gosto daqui, gosto de ler seus capítulos e passar horas fuçando as páginas, por isso fiquei tão feliz quando vi que os remakes estariam começando, mas agora quero firmeza e ver esse Menu finalizado! Bem, por onde devo começar a falar do capítulo agora? São muitas coisas que ficaram para trás, e acho que hoje você terá que me ouvir falando de todas porque estou inspirado!! Kkkkkkkkk

CanasOminous disse...

Eu olhei para esse capítulo, e estranhamente fiquei curioso para saber mais. Eu acho o Nolland uma figura bem curiosa em seu roteiro. Não sou de fazer comparações, e me desculpe se isso te incomodar, mas eu vivo vendo a imagem do Walter dele. Vejo isso porque ambos são velhos, campeões honrados, grandes nomes em seus continentes, pai de família. Mas, por algum motivo, eu me sinto triste quando olho para o Nolland. Tristeza. Por um tempo perguntei-me: Por que isso? Depois de muito pensar, esse episódio me trouxe a resposta. Eu percebi que a Elite faz isso com ele. Não os amigos, mas o cargo. O trabalho. Este é um trabalho que deveria ter sido largado há muito, muito tempo, mas o velho Nolland não soube reparar. Isso o esgotou ao máximo, tanto que o fato dele não abrir mão do próprio sonho para que o filho dê continuidade foi a gota d’água. É como um pai que funda e empresa e diz: Eu vou morrer e levarei tudo comigo, não darei nenhuma herança para eles. Isso me deu ódio e tristeza, e com essas poucas palavras você definiu um enredo completamente novo para Ethron, o que eu adorei. A meta agora não é abater o velho campeão. Há outras peças em jogo, e temo que o Andrew seja a mais forte delas. Vejo você e seu irmão nesses dois personagens, Drake e Andrew. Tenho certeza que eles ainda serão foco de muita coisa daqui para frente, uma cena que nem mesmo a Lilly conseguiria roubar. Foi uma sacada que eu adorei cara, está de parabéns.

Ah, e você não que falar de Ecchi perto de mim, não? Devo elogiar aqui, ou nos Trainer Cards aqueles peitchos magníficos da Lilly? Kkkkkkk Porra, parece que eu vou cair neles man, não consigo ver mais nada!! Tanto é que essa conversa aqui trouxe uma das coisas que eu sempre achei que você sempre trabalhou bem, as conversas. E você sabe que sou especialista nelas man, eu praticamente busco algo que me faça sorrir nesse mundo caótico. E você conseguiu.

Porra Sam, porra!! Como você consegue ser tão NERD?? Essa brincadeira do quente e frio é tão clássica que não tem como não gostar, você sente que vai vir merda, e de fato acontece!! Eu adorei isso cara, foi ótimo! Não preciso ver batalhas, não preciso de explosões atômicas, um capítulo assim para meu cotidiano costuma valer por qualquer coisa. E você mesmo disse, Haos. Só nós três, há quanto tempo isso não acontecia? Man, essa é uma frase clássica das jornadas, e acho que todas as fanfictions deviam vivenciar algo assim pelo menos uma vez. O regresso às origens, a volta para aquilo que, de fato, nos tornou o que somos. Ficwriters. Obrigado por esse incrível capítulo, e espero estar aqui para compartilhar muitos outros. Com carinho, de seu meio irmão que mora ao lado, Canas Ominous.

Haos Cyndaquil disse...

Canas, devo dizer que fiquei muito feliz com seus comentários. Fiquei hesitante por aparecer depois de tanto tempo, mas fico contente com a recepção. Sim, é uma nova fase para Ethron, e estou disposto a fazer com que tudo volte ao normal, tranquilamente. Tenho nos rascunhos duas postagens cujo conteúdo, creio eu, que te agradarão.

São quase dois anos, cara, e tenho que te agradecer por me acompanhar por tanto tempo, orientando e auxiliando. Devo muito a você, e espero que meu trabalho possa fazer este apoio valer a pena.

kkkkkk Tenho que dizer que me vejo como o Sam, muitas vezes. Este foi um dos exemplos, consigo me imaginar em uma cena tão boba quanto kkkkkk Curti mudar a aparência dos personagens, pois sinto que agora ficaram exatamente como eu procurava. Devo agradecê-lo também por ter ensinado certas táticas de pintura digital, pois elas ajudaram bastante (:

Os próximos capítulos também serão focados em momentos assim, descontraídos, e creio que quem curtiu este capítulo, irá adorar os próximos. Muito obrigado pelas belas palavras, Canas, adorei cada linha, e todo o apoio. Muita coisa ficou prometida por aqui, e quero cumprir cada uma delas. Obrigado por tudo, cara, até breve (:

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