domingo, 18 de novembro de 2012


                
                 O Sol saía de trás das nuvens, em uma manhã de clima ameno. A cidade Legeny aos poucos ia ampliando seu movimento, mas não era agitada. Os moradores aproveitavam o bom dia para manter seus afazeres, e os viajantes aproveitavam-se da famosa característica ancestral e de conhecimento do lugar. Era a cidade das lendas, a cidade dos mitos e da ancestralidade. O local perfeito para ampliação de conhecimento.

                Sam e Layla caminhavam pelas ruas da cidade. Era como se um ar antigo fosse exalado dos monumentos e das criações. Ambos passavam por uma estátua, toda feita de mármore branco e polido. A figura de uma criatura misteriosa e mítica era representada, e assim atraia a curiosidade de viajantes.
                —Esta cidade é mesmo ancestral. —comentou Sam. —Há vários monumentos antigos e as construções mantém um ar antigo.
                —Sem dúvidas. —concordou Layla. — Arrisco-me a dizer que essa é uma de minhas cidades prediletas do continente. A história, o mistério... Não é fantástico?
                —Aposto que você é capaz de nos ensinar muitas coisas. —sorriu Sam.
                —Infelizmente não. —respondeu ela. —Não sou perita em cultura ancestral, muito menos mitos antigos.
                —É uma boa desculpa para podermos dar uma olhada no museu daqui, o que acha? —perguntou o jovem.
                —Seria ótimo. —assentiu.
                Em um canto da cidade, jaziam Thomáz e Drake. Ambos na sombra de uma árvore, repletos de ferramentas e objetos jogados a sua volta. Thomáz estava com as bochechas sujas de graxa, e limpava o suor da testa enquanto tentava consertar um objeto. Em suas mãos tinha o mesmo objeto robótico que Drake havia encontrado na cidade anterior, e assim aproveitavam para tentar fazê-la voltar à ativa.
                —Chave de fenda. —pediu Thomáz.
                O jovem estendeu a mão e aguardou que fosse-lhe entregue o objeto. Drake checou em uma caixa de ferramentas e no chão se encontrava aquilo desejado, e sem demasiadas dificuldades entregou-lhe o que foi pedido. O garoto fez os ajustes necessários e fitou a máquina por alguns instantes.
                —Chave inglesa. —pediu novamente.
                Agora Drake procurara por outro objeto, e entregou novamente nas mãos de Thomáz. O garoto utilizou a ferramenta, e novamente ficou a observar a máquina, procurando qualquer outra necessidade de ajustes. Enfim pronunciou-se novamente:
                —Sanduíche. —pediu.
                Drake entregou-lhe duas fatias de pão, com um recheio de frios. Thomáz, faminto, deu uma mordida extensa, consumindo boa parte do pão. Tornou a observar a máquina, mas parecia contente com o resultado. Drake estava ainda mais contente, vendo o sonho de consumo de muitos treinadores ou coordenadores em suas mãos. Rhithwir era uma criatura criada para obedecer às ordens humanas sem debater, e era capaz de aprender uma infinidade de Tecnical Machines.

                —Voila, está pronto! —apresentou o moreno, com um sorriso.
                —Caraca, perfeito! —elogiou Drake, pegando o Pokémon robótico, que jazia desativado. —Thomáz, você é um gênio!
                —Imagina, foram precisos apenas alguns ajustes. —respondeu, modesto. —Mas não acha esquisito que tenha sido abandonado no lixo?
                Drake fez uma careta, como se persistissem em fazer-lhe a mesma pergunta.
                —Ah, deixa isso quieto. —indagou.
                —Certto, mas ele deve estar com um defeito. —alertou Thomáz. —Tome cuidado ao ligá-lo.
                Pelas palavras do garoto, o jovem de cabelos azuis decidiu seguir seu conselho. Pressionou um botão em sua barriga e se afastou rapidamente. Eram fartas as histórias de defeitos que havia quando se atualizava Porygon-2 para sua forma final, e acidentes que podiam acabar sendo causados.
                O robô fez um som de computador, e algumas luzes piscaram. Drake rapidamente pegou um computador portátil que carregava em sua mochila secretamente e plugou um cabo USB em uma entrada que jazia na barriga do Pokémon. Passou algumas informações para a criatura robótica, e começou a configurá-la. Após alguns minutos passados, pronunciou-se:
                —O.K. Tente utilizar o Magnet Rise.
                O robô fez alguns movimentos esquisitos, mas seguiu as ordens impostas após alguns comandos computadorizados. Thomáz e Drake se afastaram por um instante, mas a máquina simplesmente lançou ondas invisíveis pelas proximidades, e gradativamente começou a levitar. Porém, alguns instantes depois teve todos os objetos metálicos próximos levitados também. Era como se o raio do ataque tivesse aumentado.
                —Hidden Power... —prosseguiu Drake digitando o comando.
                Logo em seguida, a máquina lançou diversas esferas brilhosas a sua volta, com um poder estrondoso. Por pouco os garotos não foram atingidos, mas quase uma árvore fora derrubada. Era como se cada ataque ordenado fugisse de seu controle, e os defeitos citados por Thomáz começassem a surgir.
                —Meu deus, isso é pior que um defeito! —exclamou Thomáz. —Ele não consegue controlar suas forças, não pode limitar-se a apenas golpes simples. Seu sistema parece carregar um “bug”.
                Drake encarou a máquina, sério.
                —Mas e se não for um defeito? —perguntou. —Mas sim um avanço.
                Thomáz pareceu completamente confuso. Para si, era mais que nítido os defeitos do cão robótico.
                —Como uma máquina, todos esses Pokémons seguem um padrão. —prosseguiu o jovem de olhos azulados. —Todos são iguais, são previsíveis. E se este Rhithwir for diferente, qual o problema? Ele pode surpreender os adversários, e tornar seu defeito uma vantagem.
                —Compreendo pouco do que você diz. —concordou o moreno, um pouco contrariado. —Mas se ele praticamente não consegue atacar normalmente, imagine ele em um torneio! Quando um Pokémon foge do controle de um treinador, este perde pontos.
                —Mas se eu aprender a controlá-lo, ele será uma máquina ainda mais poderosa que seus semelhantes. —observou. —Nem todas as diferenças são defeitos.
                —É uma linha de raciocínio que particularmente eu nunca havia procurado pensar. —assentiu ele. —Estou acostumado apenas com engenhocas que funcionam, e caso não funcionem eu tento concertá-las. Tem certeza que não quer que eu o revise melhor?
                —Não, cara, mas valeu aí. —agradeceu ele, dando-lhe uns tapinhas nas costas. —Fico te devendo uma!
                Por instinto, este retirou a mão das costas do amigo após algo esquisito ocorrer. Thomáz começou a brilhar, de forma completamente fora do comum. Era como se do jovem, saísse uma luz rubra, como uma estrela. Acima de sua cabeça, estava um símbolo que poderia assemelhar-se a um martelo com chamas em sua volta.
                —Por que você está olhando para mim assim? —perguntou Thomáz. —Parece que eu sou um fantasma.
                —Thomáz... Não quero te alarmar, mas você tá brilhando, velho... —exclamou Drake, boquiaberto.
                —Brilhando no sentido de...
                —Você tá realmente brilhando. Isso parece quando... Quando o Sam estava no Island Star, na festa de despedida… —relembrou, confuso.
                Aos poucos, a luz foi desaparecendo, para a sorte de Thomáz. O jovem não tinha sentido diferenças em seu estado físico, e nem tivera a oportunidade de descobrir mais sobre aquele acontecimento surreal. Drake aproximou-se do colega, assustado.
                —Você tá bem? —questionou.
                —Acho que sim... Fora ter virado uma luminária por alguns instantes. —brincou ele.
                —Que esquisito, isso já aconteceu antes, com o Sam. —disse. —Mas eu não sei o que é.
                —Espero que não seja nada muito grave, mas serviu para me deixar em alerta. —Os dois decidiram encerrar aquela manhã de experiências. Já haviam sido surpreendidos demais para um dia.
                Em outro local da cidade, Lilly estava sentada, aproveitando a manhã para estudar. Suas batalhas seriam mais complexas nos próximos meses, e agora que Sam estava sempre com Layla, restava para ela aprender sozinha. Por um lado não se importava, mas por outro era complicado entender aqueles livros teóricos e complicados.
                —Essa joça não faz sentido nenhum. —balbuciou a menina para si mesma. —Melhor aprender na prática, isso sim.
                Lilly fechou o livreto, e bateu a mão em seu short para tirar a sujeira. Quando se virou para pegar alguma Pokéball na mochila, notou presença de criaturas curiosas. Eram cachorros negros com três cabeças. Eram Pokémons que aparentavam perigo, com suas mandíbulas grandes e olhar maligno. A garota se assustou, e com calma voltou à procura da mochila.
                —Hã… Olá, cãezinhos bonzinhos…
                Os cérberos a atacaram, derrubando-a. Lilly gritou, mas ninguém a ouviu. Conseguiu desferir um golpe da mochila em sua face central, dando oportunidade para que corresse. A garota procurava seus amigos, mas era como se cada segundo fossem horas de tortura, correndo, enquanto que Pokémons horrendos lhe perseguiam e a machucavam.
                Após alguns instantes conseguiu chegar à companhia dos amigos, próximo do Pokémon Center. Eles se assustaram pela aparência doentia da garota, com machucados por todo o corpo, mordidas e arranhões. Os Pokémons saíram, ao notar presença de vários humanos naquela área da cidade.
                —F-fujam. —ela gritou, desmaiando.
                Drake a segurou antes que atingisse o chão.
                —Lilly, você está bem? —gritou assustado.
—E-ela não está! Precisa ir para o Pokémon Center. Urgente! —alertou Layla.
Drake e Sam levaram-na para o Pokémon Center, que apesar de ser voltado para Pokémons, também prestava cuidados a humanos quando fossem situações graves do gênero. A enfermeira rapidamente chamou assistentes para a ajudarem, e colocaram-na em uma maca.
—Ela foi atacada por algo realmente forte. —exclamou a enfermeira.
                —Precisamos saber o que é, e ajudá-la. —disse Drake.
                —Não, deixe-a descansar. —comentou Sam. —Deve estar muito acabada para perguntas.
                Os dois deixaram-na sob cuidados médicos, e procuraram retornar a seus afazeres. Layla e Sam planejavam visitar o museu famoso da cidade, e convidaram os amigos. Thomáz e Drake toparam, e se dirigiram para o local. A formação do museu era fantástica, extremamente bela. Matinha uma construção antiga, com um toque contemporâneo. Adentraram o local, e realmente era maravilhoso por dentro. A estrutura toda detalhada, e cada pequeno retoque transformava-o realmente no museu mais famoso do continente.

                Do outro lado da primeira sala, havia um grandioso vitral, repleto de cores e com figuras supostamente humanas diferenciadas. Em sua frente, uma garota observava tudo. Usava um abrigo rubro, mas seus longos cabelos ruivos eram destaque. Drake e Sam a olharam, mas não ligaram os pontos. Após um segundo, encararam a garota novamente, se recordando de sua aparência.
                —Aquela garota... É a…
                Antes de terminar a frase, ela se virou e os viu.
                —DESGRAÇADOS! —gritou!
                A menina correu na direção do grupo, pronta para estapear Drake e Sam. Aquela garota era Rachel, uma garota encontrada pelos dois em Insecta Island. No último encontro, a jovem estava febril, mas insistia, em meio a uma tempestade, em mostrar para ambos uma suposta profecia, e demonstrava-se feliz por encontrá-los. Mas acabou desmaiando, e fora deixada no Pokémon Center para que se recuperasse.
                —Acalme-se Rachel. —pediu Drake.
                —Vocês se conhecem? —questionou Layla. —Por Chrominus, vocês conhecem todos!
                —Bom, minha querida, acaba que estes dois aí me deixaram em um Pokémon Center, por mais que eu insistisse em explicar-lhes algo. —disse a outra ruiva.
                —Rachel, entenda, você estava febril… Estava delirando. Não podíamos deixá-la naquele estado. —explicou Sam.
                —Delirando? Então vocês acham que tudo aquilo que eu falei era mentira, loucura. —ela não pode esconder certo sorriso.
                —Bem… Eu… —dizia Drake. —Argh! Como uma Lilly sincera demais faz falta!
                —Pois bem… Iremos supor que eu sou maluca… Biruta… Então como explicarão o que eu ia lhes explicar? —perguntou, como se um adulto estivesse pronto para ensinar algo a uma criança.
                —Por exemplo…
                —Como vocês explicam que este garoto começou a brilhar naquela festa abordo daquele cruzeiro? E esse aí, esta manhã? —questionou, apontando para Thomáz e Sam.
                —Prossiga com o que você iria nos explicar. —decidiram-se.
                —Pois bem, está tudo relacionado. —esclareceu. —Aquela profecia fala sobre vocês. Ou melhor, nós.
                Rachel levou-os para uma sala superior, que explicava o início e a criação universal. Diversas imagens e quadros antigos decoravam o cômodo extenso, e a ruiva iniciou sua aula. Todos pareciam interessados em ver no que aquilo iria dar, pois sequer haviam conversado normalmente com essa garota.
                —Foi previsto, há exatos nove mil anos atrás e alguns meses, que aconteceria algo em especial, uma grande guerra, e esta de certa forma destruiria o planeta, com suas dimensões catastróficas. —disse ela.
                —Outra guerra mundial? —questionou Layla.
                —Pior que uma guerra mundial. —ela disse. —Conhecem as treze divindades?
                —Já ouvi sobre, mas nunca tive a curiosidade de pesquisar absolutamente tudo. —respondeu a jovem.
                —A mitologia de Sinnoh diz que “do caos e tumulto, surgiu o ovo de Arceus”. Mas se Arceus criou todas as outras criaturas, quem teria dado origem a ele? E quem estaria fazendo esse “caos”?  Já pararam para pensar? —perguntou.
                Todos se iluminaram.
                —Você tem razão. —exclamou Sam. —Nunca me perguntei isso, mas faz completo sentido.
                —Bem, pode-se dizer que nesta época começaram a surgir os Deuses Primordiais. —explicou. —Temos suposições de alguns destes, e que criaram toda a base do universo, para que em seguida fosse governado pelos Titãs.
                Ela demonstrou algumas figuras. A mitologia de Ethron era completamente maluca, mas ainda sim tentava explicar qualquer buraco que tenha ficado nas teorias de outros continentes. Rachel parecia especialista no assunto, e por alguma razão sentia-se obrigada a compartilhar sua sabedoria.
                —Os Titãs também tinham suas funções específicas, e acredita-se que um dos titãs tenha destronado o líder dos Deuses Primordiais, assim ficando no comando. Porém, fora amaldiçoado, com a profecia que também seria destronado um dia. —prosseguiu.
                —E o que houve?
                —Bem, embora tenha procurado dar seus jeitos, não pode impedir que surgissem os Deuses. São estes os que protegem o continente de Ethron, e só temos ciência da existência deles. —ela explicou.
                O quinteto desceu as escadas e chegou ao térreo novamente. Voltaram ao vitral, que ocupava uma parede toda. Cada pequeno detalhe surpreendia os apreciadores de bens antigos. Sam também ficava maravilhado, pois adorava história, e apesar de mitologia não narrar simplesmente fatos verídicos, ainda lhe interessava.
                —Prossiga. —ele pediu.
                —Os Deuses batalharam em uma guerra de altíssimas proporções, e realmente conseguiram destronar seus criadores. —ela disse. —Porém, houve a profecia que dez mil anos depois haveria a mesma guerra.
                —Então, daqui a alguns meses vai acontecer essa guerra? —arriscou Drake. —Que maravilha!
                —E parece que todos esses tempos, os Titãs uniram forças maiores, mas os Deuses também. —ela mencionou. —Eles criaram a geração de ouro.
                —Geração de ouro? —perguntou Thomáz.
                —Exato. Cada deus, que pode assumir a forma humana que desejar, escolhia humanos dignos e com eles tinha filhos. Cada um escolhera uma pessoa, e nos filhos desta um sangue dos deuses corria. Eram os semideuses. E a previsão, era que a milésima geração destes fosse a mais poderosa. —mencionou.
                —Então, os deuses safadinhos procriaram cada um com uma pessoa, e todos os filhos, netos e derivados deles iam ter um quê amais? —questionou Drake, confuso. —Isso não faz sentido nenhum!
                —E as profecias diziam que haveria uma união destes treze heróis e que venceriam os titãs, e os expulsaria desta região por mais mil anos!
                Todos prosseguiram a olhando, mas Rachel levantou uma sobrancelha:
                —Foi uma indireta, tá?
                A ficha caíra, mas sequer fazia sentido. Era algo fantasiado demais para ser realidade, e continuavam a pensar se Rachel falava mesmo a verdade. Talvez a parte mitológica sim, afinal, qualquer um podia aprender sobre o assunto. Mas quando os mencionava no assunto… Não fazia sentido.
                —Você não acha meio clichê que nós sejamos amigos e viremos os heróis da pátria? Fala sério, isso acontece em qualquer filme por aí, não podia ter mais de criatividade não? —questionou Drake.
                —Vocês não são amigos e viraram heróis. —ela disse. —Vocês são heróis e viraram amigos. Vocês só estão juntos por causa da profecia, caso contrário, provavelmente não se conheceriam.
                Todos ficaram quietos por um instante. Por um lado era excelente que tivessem se conhecido, mas e se nunca houvesse acontecido? E se não fossem os tais descendentes de Deuses, que futuro levariam? Era demais para a cabeça de qualquer um.
                —E de quem eu sou descendente? —perguntou Drake.
                —Eu não sei, sei apenas destes dois. —disse, apontando novamente para Thomáz e Sam. —Mas vamos conhecer agora todas as treze divindades.
                —Não eram doze? —perguntou Layla. —Li um livro que citava doze.
                —Na verdade são quatorze, mas uma das Deusas deixou seu trono para a entrada de outro. E outro Deus não é muito bem-vindo na união dos outros, mas sua criança está entre as mais importantes, se não a última peça do quebra-cabeça. —ela explicou. —Agora vamos conhecer nossos parentes divinos.
                Ela foi indicando no vitral cada figura, e quem era. Ainda não podiam abandonar a ideia da possibilidade de nunca terem se encontrado, mas tentavam focar em outra coisa. Sam ainda se preocupava com o que aconteceu com Lilly, e se havia alguma relação no assunto.
                —Estes são os três grandes, os principais. Zaellis, o senhor dos céus, trovões e tempestades. Poceanus, senhor dos mares, oceanos e maremotos. E o excluído, Hinferis, senhor do submundo e das almas mortas. —ela resumiu. —Os descendentes destes três são os mais poderosos.
                —Como sabemos de quem somos filhos? —perguntou o garoto de cabelos azuis.
                —Vocês são reclamados. —respondeu a ruiva.
                —Tipo assim: “Ow! Vagabundo! Tu num faz nada da vida, vai estudar! Batalha que nem homem!”? Chessus, se for assim estamos ferrados. —brincou Drake.
                —Reclamar também pode ter sentido de declarar posse. —explicou Layla.
                —Assim sim.
                —Quando são reclamados, acontece a mesma coisa que aconteceu com vocês dois. —ela explicou. —Você, Sam, é descendente de Poceanus. Meus parabéns, você é um dos mais poderosos.
                —Olha o Sam.
                Sam congelou por um instante. Lembrava-se de quando aquilo ocorrera no cruzeiro Island Star, e como havia ficado confuso. Ofuscara uma luz azulada, com um tridente sobre sua cabeça. Enfim descobrira o que aquilo significava.
                —Continuando... Este aqui é o outro trio, o trio do pecado. —ela apontou para outras figuras. —Foram criados, pois Hinferis estava descontente com certas coisas. Quando Arceus colocou personalidade nas pessoas, eram todas boas, e sendo assim, quando morriam todas iam para o céu, e não para o inferno. Nesse caso, Zaellis criou este trio, que trouxe diferentes defeitos para as pessoas.
                Ainda fazia sentido, embora parecesse loucura.
                —Dionis, senhor do vinho, da loucura e do êxtase. Daqueles de aproveitar a vida ao máximo.  Aphrudinem, senhora da beleza, do amor e da paixão sexual. Representa a paixão pelo físico, e como as pessoas preferem beleza que inteligência, às vezes. Não é, homens? —questionou, nervosa. —E Herriage, que na verdade não foi criada por Zaellis, até por ser sua esposa. É a senhora não só do casamento, mas dos ciúmes.
                —Eu... Ela me parece familiar. —disse Drake, mesmo sem nunca ter visto aquela moça.
                —Os Deuses podem aparecer com a aparência que desejarem, então é difícil saber qual é qual. —disse ela.
                —Não, sério… Agora faz sentido! —exclamou ele. —Aphrudinem apareceu para mim ontem, na forma de uma mulher muito gostos... Esbelta. O papo dela era só sobre amor, e ela dizia que era a “mestra desse jogo” e talz.
                —Sobre o que vocês falaram? —perguntou Thomáz.
                —É confidencial. —disse ele, corado.
                —Aprhudinem não é a Deusa mais confiável de todas. —alertou Rachel. —Pelo contrário, ela curte persuadir seus alvos e assim quebrar a paixão para com eles.
                Drake sabia que não se tratava daquilo. Aphrudinem realmente queria auxiliá-lo e alertá-lo sobre qualquer possível romance para com Rose. Porém, ela mencionara que haveria certas complicações nesse assunto, e Drake nem queria imaginar o que poderia ser. Embora tentasse.
                —Prosseguindo... Esse trio representa práticas que auxiliaram a humanidade em seus primórdios. —ela indicou outros Deuses. —Aporbus, senhor do Sol, da música e da poesia. Demessis, senhora da agricultura e da colheita. E Artione, irmã gêmea de Aporbus e senhora da Lua e da caça, uma Deusa virgem. É também a deusa da qual eu sou descendente.
                —Mas se ela é virgem, como você pode ser descendente dela? —questionou Thomáz, fazendo Drake rir.
                —Herriage apesar de não ser uma Deusa virgem, é muito fiel ao casamento, não procriando com mortais. Ela, outra e Artione escolheram humanos que mereciam tal dom e lhes transformaram em seus descendentes. Assim, é como se eles tivessem feito essas coisas.
                Drake fora fuzilado com o olhar da ruiva, que o fez parar de rir no mesmo instante. Ela prosseguiu:
                —Esse trio foi criado para auxiliar na grande guerra. —introduziu. —Hefarius, ferreiro dos Deuses e senhor das forjas. Athenum, senhora da inteligência e estratégia em batalha, também virgem. E Arellum, senhor das guerras e das batalhas, um verdadeiro guerreiro. E é este garoto o descendente de Hefarius.
                Até fazia sentido. Thomáz era muito hábil para consertar coisas, e parecia sentir-se bem quando o fazia. Porém, Sam ainda era um mistério.
                —Por fim, tem um que não se enquadra em nenhum, mas é Hermibus, mensageiro dos Deuses, mas também senhor dos furtos, viajantes e ladrões. Todas as coisas que necessitam de velocidade e sagacidade. —explicou.
                —Okay Rachel, mas e se não formos reclamados? —questionou Drake.
                —Vocês serão reclamados. —garantiu. —E claro, por serem descendentes de quem são recebem certas habilidades especiais.
                —Tipo poderes? WOW QUE FODA! —gritou ele, recebendo gestos negativos dos trabalhadores do museu. —Maus aê…
                —Poderes é uma palavra muito forte. —ela disse. —Mas por exemplo, por Artione ter escolhido ser para sempre uma jovem caçadora, herdo a habilidade de ser sempre ágil por toda a vida. Você, por ser filho do senhor das forjas, consegue forjar e consertar objetos com menos dificuldade que outras pessoas. —ela mencionou enquanto apontava para Thomáz. —E também tem maior resistência para machucados com fogo e materiais de forjas.
                —E o Sam?
                —Desconheço, mas em breve irá descobrir. —ela disse. —Lembrem-se, todas as pessoas que encontrarem podem ser parte desse grupo. Então prestem atenção em todos!
                —Rachel… Uma amiga nossa foi atacada por algo hoje de manhã… Poderia ter relação? —perguntou Sam.
                —Droga! —praguejou ela. —Muita relação. Digamos que Pokémons que descendem de monstros antigos gostam de atacar aqueles com sangue divinal.
                —Então a gente vai ser sempre atacado?
                —Infelizmente. Mas são mais resistentes que simples humanos, então vão suportar melhor. —disse.
                Convidaram Rachel para ficar mais um tempo com o grupo. Ela era a mais inteligente no assunto, mas ainda tinha que explicar muita coisa para que ficasse claro na cabeça do grupo. Isso, é claro, se fosse verdade. Poderiam confiar em Rachel?
...
                Sam retornou ao Pokémon Center. Pediu para a enfermeira se poderia entrar no quarto de Lilly, e essa concordou. Chegou ao local, que estava escuro, iluminado apenas com a pouca luz solar que ainda restava da tarde. A garota estava sentada na cama, encostada à janela, observando, com olhos melancólicos, a paisagem.
—Oi… —cumprimentou Sam.
                —Oi. —respondeu ela, sem muito entusiasmo.
                Ele parou e observou as janelas junto dela. A paisagem era bela, realmente. Era possível avistar de lá o topo da maior montanha de Ethron, o Mt. Olympus. Era impossível ver seu ponto mais alto pelas nuvens que o cobriam. O Sol ia se pondo aos poucos, diminuindo a iluminação do cômodo.
                —Posso sentar? —perguntou Sam, apontando um pedaço da cama.
                Lilly fez que sim com a cabeça, com uma expressão de quem não fazia demasiada questão.
                —Você está esquisita nos últimos dias. —ele disse. —Não gosto disso.
                —Só estou tentando não sentir qualquer outro sentimento que me tire do foco. —ela respondeu, sem tirar os olhos do quadrado de vidro.
                —Como assim? —questionou o jovem de cabelos azuis.
                —Esqueça. —pediu, ainda fitando a janelas, como se já não as olhassem mais, mas se impedisse de olhar nos olhos do amigo.
                —Sentimentos não são fraquezas, Lilly. —disse Sam. —Eles não te deixam fraca, eles não são responsáveis por sua queda.
                —Claro que são. —ela respondeu, deprimida. —Se eu não consigo me concentrar como venço alguém?
                —Isso é humano. Sentir faz você ser uma pessoa mais sensível. —Sam levantou o tom de voz, disposto a afastar qualquer sentimento ruim da mente da amiga. —Eles não são seu ponto fraco, e parar de ligar para as coisas e se afastar de quem você gosta não te deixam mais forte. Não deixam ninguém mais forte.
                —O-obrigada… —ela disse, derramando uma fina lágrima.
                —Disponha. —ele sorriu. —Afinal, eu sou seu “mentor”, não sou?
                —Mas e a Layla? —questionou a garota.
                —Ela é uma ótima pessoa, uma boa amiga e tenho certeza que tem muito a nos ensinar. —ele respondeu, não a deixando muito confortável. —Mas você ainda é minha melhor amiga. Afinal, preciso de alguém sincera o suficiente para dizer meus defeitos e me fazer rir.
                Lilly sorriu, com seus olhos derramando lágrimas. Com dificuldades saiu da cama, e pulou nos braços do amigo. Seu melhor amigo. Não houve quem pudesse maliciar tal ação, ou então dizer que os dois se amavam. Eram apenas duas pessoas que gostavam muito uma da outra, qualquer que seja o fim que Aphrudinem escolha.
         —Muito obrigada!

  

1 comentários:

CanasOminous disse...

Diga ae, companheiro Haos! Olha rapaz, vou te dizer que custou para racionar tanta informação e juntá-la ao mesmo tempo em um único capítulo, mas vendo tudo mais atentamente sei que a história tomará um desenrolar impressionante daqui para frente. Mitologia grega já é bem utilizado mesmo, e por vezes até clichê, mas não em uma fic de Pokémon. Essa mitologia traz a sensação do conhecido e do novo ao mesmo tempo, e é isso que a torna especial. Se você utilizasse qualquer outra mitologia teria confundido ainda mais a cabeça dos leitores, mas por tratar-se de algo que eles estão bem familiarizados tudo ficou bem mais claro, e nesses pontos vejo como você escolheu bem a personalidade de cada um.

Me desculpe, eu ainda não decorei o nome de todos os lendários, então falarei pelo nome grego dos deuses, tudo bem? Prometo que até o fim da temporada eu decoro kk Cara, eu sempre gostei do Fefesto e ele sempre foi um de meus deuses preferidos, gosto dessa velha questão da feiura dele combinada com a habilidade de forja, e quem diria concertar Pokémons! A Afrodite em breve se mostrará como a minha favorita eu espero por isso, mas agora estou na duvida dela ser da Rose ou do Drake... Bem, não farei nenhuma suposição por enquanto, mas tenho várias guardadas em mente e quando eu for falar algo falarei para acertar! Ou não, são muitos personagens cara, digo que se fosse um escritor qualquer ele não seria capaz de tomar conta de tantos personagens ao mesmo tempo, essa é uma habilidade incrível sua!

Mas enfim, não é só da mitologia de Ethron que devo comentar, pois o capítulo me mostrou alguns outros momentos que gostei bastante. Aquele troço que o Drake achou no chão valeu a pena, adorei o design dele! kkkkkk E quem diria que esses problemas dos Porygons afetariam outras máquinas? kk Foi uma menção singela, não sei se proposital, mas admito que sempre esboço um sorriso quando vejo menções de minha história. São essas pequenas partes que tornam Sinnoh e Ethron cada vez mais ligados! Rapaz, e aquela frase... "Vocês não são amigos e viraram heróis. Vocês são heróis e viraram amigos." Para mim essa foi a frase mais épica de todas e tirou toda a dúvida que eu tinha de se o que virá daqui para frente pode ser bom, agora eu sei que será sensacional! Por fim, devo te desejar os parabéns pelo desenho no final, ficou lindo cara! Eu separaria um comentário inteiro só para falar de desenhos, pois tenho um carinho muito especial pelos escritores que conseguem ilustrar suas próprias histórias. Espero que este seja apenas o primeiro de muitos, e não hesite em separar uma área só para as ilustrações, eu adoraria ver todo o seu trabalho junto em um único lugar, aprecio muito ficar contemplando o traço de cada autor e acompanhando de pouco em pouco sem crescimento. Continue seguindo em frente Haos, continue melhorando e aperfeiçoando suas técnicas, pois você já está em um nível incrível. Imagine só daqui há uns anos? Pode ter certeza que eu estarei lá para ver! Você está apenas no começo!

Postar um comentário

Regras:
-> Não xingar moderadores do blog
-> Não xingar outros usuários
-> Não usar palavrões

 
Copyright (c) 2013 Ethron Adventures. Ethron Adventures. Escrita por Vítor Siqueira {Haos Cyndaquil} Template Original em BTemplates [Vernal]